28

maio

2015

Como o comportamento das formigas pode ajudar na recuperação vegetal da Amazônia

Por forest

Pesquisa feita em Mato Grosso ganhou prêmio internacional no México

Dáttilo estudou redees de interação de formigas e plantas que expelem néctar extrafloral

Dáttilo estudou redes de interação de formigas e plantas que expelem néctar extrafloral

Imperceptível aos nossos olhos, há na natureza interações entre a fauna e a flora responsáveis por manter a dinâmica dos ecossistemas. O pesquisador Wesley Dáttilo estudou este fenômeno na Amazônia, visando compreender a dinâmica ecológica das relações formiga-planta. A pesquisa apontou que muitas espécies vegetais da região secretam um néctar extrafloral nutritivoatraente a esses insetos que, em troca de comida, protegem as plantas hospedeiras contra potenciais herbívoros.

Dentro deste ambiente natural, diferentes espécies de formigas e plantas podem conviver umas com as outra se gerar complexas redes de interação. “Estou procurando entender como essas redes ecológicas variam através do espaço-tempo e como eles são influenciados por perturbações ambientais em diferentes ecossistemas”, explica Dáttilo.

Na Fazenda São Nicolau, localizada em Cotriguaçu, noroeste de Mato Grosso, o biólogo e seus colaboradores mostraram que dentro destas redes de interação existe um núcleo de espécies generalistas – conhecidas por possuir alto grau de tolerância e capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente – que interage muito mais do que esperado e permanecem estáveis a uma distância geográfica de até cinco quilômetros.

Wesley Dáttilo e seu assistente de campo Roberto Stofel observam as interações formiga-planta

Wesley Dáttilo e seu assistente de campo Roberto Stofel observam as interações formiga-planta

A equipe percebeu que o fator que mais contribui para a estruturação das redes é a entrada de luz dentro da vegetação mais baixa, conhecida como sub-bosque, que gera uma grande diversidade de ambientes e, conseqüentemente, aumenta a diversidade de interações. Eles também avaliaram como os programas de reflorestamento de espécies nativas e exóticas poderiam recuperar os parâmetros de riqueza, composição e as interações entre as formigas e a vegetação.

“Para as interações formiga-planta, nós vimos que não existe diferença na taxa de recuperação de nenhum dos parâmetros estudados entre as florestas secundárias, incluindo pastos abandonados, e as estratégias empregadas para a recuperação da diversidade como reflorestamento de teca e figo”, afirma Dáttilo. Os resultados fornecem uma ferramenta para os gestores de conservação, principalmente porque mostram que florestas secundárias criadas por regeneração natural podem ser um método eficiente e econômico para restaurar as interações formiga-planta em florestas tropicais. “Entretanto, novos estudos são necessários para avaliar a efetividade dos programas de reflorestamento na recuperação da biodiversidade considerando outros sistemas de estudo”, diz.

O resultado desse estudo ganhou, em 2013, um prêmio internacional oferecido a cada dois anos pela Sociedade Científica Mexicana de Ecologia. Atualmente, os estudos de Dáttilo têm alçado vôos maiores. “Durante o meu mestrado, que foi desenvolvido na Fazenda São Nicolau, eu coletei um excelente banco de dados, na qual eu venho utilizando para responder algumas perguntas do meu doutorado aqui no México”, conta. A pesquisa de Dáttilo nas áreas de comportamento animal tem continuidade na Universidad Veracruzana e contam com colaboradores do Brasil, oriundos da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT e da Universidade de São Paulo – USP, e do exterior (principalmente México, Espanha e Estados Unidos). Para saber mais, acesse o site http://www.wdattilo.bio.br/.

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