22

set

2016

A partir de observações no Rio Juruena (MT), pesquisadores descrevem estratégias do Peixe Jejú para reduzir o risco de predação

Por forest
peixe-jeju

Ciclo respiratório do peixe Jejú (Diagrama: João Alves de Lima Filho, Jhany Martins, Rafael Arruda e Lucélia Nobre Carvalho)

 

O estudo científico, divulgado no periódico da Biotropica da Associação para a Biologia e Conservação Tropical, verificou que a espécie Hoplerythrinus unitaeniatus, reconhece a forma de um potencial predador, em locais bem iluminados, e forma cardume para evitar um possível ataque. O padrão do movimento de subida para respiração dos peixes também se revelou uma estratégia de defesa até então desconhecida. A pesquisa foi liderada pelo biólogo João Alves de Lima Filho e realizada na bacia do rio Juruena, na fazenda São Nicolau, Cotriguaçu – MT.

A espécie H. unitaeniatus é de água doce e habita regiões de pouca correnteza. O peixe é encontrado principalmente na bacia amazônica e dotado de um comportamento gregário. A formação de cardume se torna importante para a reprodução, a migração e como um meio de sobrevivência da espécie. Ao perceber uma ameaça em seu território, os Jejús se unem para espantar agressivamente o animal invasor. Outra técnica de fuga é a confusão do predador por meio de movimentos sincronizados e ao soltar pequenas bolhas. Essas estratégias são altamente vantajosas, pois aumentam a proteção do grupo e são maneiras mais rápidas e eficazes de defender o território.

A novidade identificada pelo estudo está no padrão de respiração utilizado por essa espécie. Por ser abundante em águas pobres em oxigênio, o Jejú necessita subir à superfície em curtos períodos de tempo e se torna vulnerável a ataques predatórios. Ao reconhecer a silhueta de um predador, a espécie deixa o local e reduz seu movimento de respiração. A frequência respiratória normal e o retorno ao seu território apenas acontecem quando não há mais sinais de ameaça.

Na busca por oxigênio, os peixes se movem em subgrupos das áreas mais profundas para a superfície. Este movimento e a quantidade de peixes que se agrupam são aleatórios, impossibilitando ao predador reconhecer um padrão e reduzindo as chances de ataques bem-sucedidos. Já a estratégia individual dos peixes Jejús consiste em permanecer imóvel por um período de tempo durante o ciclo de respiração, o que possibilita à espécie um desvio imediato ao reconhecer o predador.

Por meio de experimentos de campo, os pesquisadores reproduziram a silhueta de animais predadores e observaram o comportamento dos peixes. Constatou-se que o reconhecimento do predador só é realizado em ambientes iluminados. Ainda quando os Jejús têm dificuldades de reconhecer uma ameaça, eles optam por evacuar o território. O comportamento analisado desta espécie revela, então, uma ação antipredatória. Alguns indivíduos da H. unitaeniatus foram coletados e depositados na coleção de peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Referência bibliográfica: Lima Filho, J. A., Martins, J., Arruda, R., & Carvalho, L. N. (2012). Air‐breathing Behavior of the Jeju Fish Hoplerythrinus unitaeniatus in Amazonian Streams. Biotropica, 44(4), 512-520.

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