08

jun

2020

Após 10 anos de pesquisa sobre Jardins-de-formiga na Fazenda São Nicolau, grupo de pesquisadores publica revisão sobre o tema

Por forest
Jardim-de-formigas suspenso em um cipó em uma borda de floresta nativa e área de reflorestamento em estágio avançado de recuperação, na Fazenda São Nicolau (Imagem: Ricardo E. Vicente)

Jardim-de-formigas suspenso em um cipó em uma borda de floresta nativa e área de reflorestamento em estágio avançado de recuperação, na Fazenda São Nicolau
(Imagem: Ricardo E. Vicente)

 

A edição do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi – Ciências Naturais que inaugura 2020 apresenta um estudo de compilação de pesquisas realizadas sobre Jardins-de-formiga pelo mundo e resultados de cerca de 10 anos de investigações na Fazenda São Nicolau. O artigo é assinado pelo Dr. Ricardo E. Vicente, pesquisador e professor do PPGBioAgro da UNEMAT (Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos da Universidade do Estado de Mato Grosso), Drª Ivone Vieira da Silva pesquisadora e professora do PPGBioAgro da UNEMAT, e Dr. Thiago Izzo, pesquisador e professor do PPGECB da UFMT (Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso).

Os Jardins-de-formigas são interações de benefício mútuo entre formigas e plantas. Nesta interação, as formigas constroem o ninho na vegetação, plantam sementes de epífitas (plantas que crescem sobre outras plantas, como as orquídeas) e as protegem quando crescem. Em troca, as epífitas controlam a umidade do ninho, oferecem estrutura para ampliação do ninho e alimento para as formigas.

O boletim de janeiro/abril de 2020, intitulado “A Mirmecologia brasileira no século XXI”, reúne 25 publicações distribuídas em diversas áreas do conhecimento e oriundas de grupos de pesquisas de todas as regiões do Brasil e de instituições do exterior. O artigo dos pesquisadores associados à Fazenda São Nicolau recebeu o título de “Jardins-de-formigas: qual o estado do conhecimento sobre essas interações mutualísticas entre formigas e plantas?”. A revisão relembra trabalhos desde quando os Jardins foram descobertos até as pesquisas mais atuais.

“Os Jardins-de-formigas, apesar de serem um sistema ecológico incrível e serem encontrados ao longo da Amazônia, são praticamente desconhecidos pelos pesquisadores do território e pela população, por isso resolvemos realizar essa revisão em português para dar visibilidade ao sistema”, justifica Ricardo. 

O paper é resultado de estudos iniciados em 2009, durante um curso de campo do PPGECB da UFMT coordenado pelo professor Thiago. A articulação entre teoria e prática motivou Ricardo a pesquisar o sistema biológico e o direcionou para escolha do tema de seu doutorado. Os primeiros achados das pesquisas foram apresentados em 2014 no periódico Neotropical Entomology, quando Ricardo analisou a relação de químicos liberados por plantas de Jardins-de-formigas para sinalizar perturbação e chamarem as formigas para defendê-las.

Após a conclusão do doutorado, Ricardo visitou a Fazenda para acompanhar pesquisadores internacionais. A atividade foi uma parte da expedição que percorreu a América do Sul para investigar as relações mutualísticas entre formigas e fungos no continente. Enquanto recebia o grupo de pesquisadores, Ricardo também desenvolvia um projeto de pesquisa com Jardins-de-formigas no Museu Paraense Emilio Goeldi em parceria com o Dr. Rogerio Rosa, pesquisador da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia do Museu. 

Ricardo continuou com os estudos sobre os Jardins-de-formiga durante o pós-doutoramento na UNEMAT, sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Quanto mais estudo esse sistema incrível que é os Jardins-de-formigas, mais descubro preciosidades a se estudar. E esse projeto, desenvolvido em grande parte na Fazenda São Nicolau, é muito importante para fortalecer o conhecimento da biodiversidade da Amazônia, bem como, formar recursos humanos da região”, completa Ricardo.

O aprofundamento da pesquisa significa novas publicações e compartilhamento do conhecimento. Ano passado, no primeiro trimestre, Ricardo recebeu a visita de pesquisadores Belgas na Fazenda. Eles tinham interesse em conhecer os Jardins-de-formigas e a diversidade amazônica. A partir dessa visita, Ricardo escreveu e submeteu um artigo para uma revista internacional e está aguardando revisão. Além disso, Ricardo orientou, acompanhado pela Ivone, a mestranda Andreia Anjo Pereira do PPGBioAgro da UNEMAT. A pesquisadora desenvolveu sua dissertação sobre os Jardins-de-formigas na São Nicolau e também está submetendo um trabalho para revista científica internacional. Em breve, teremos novas publicações para divulgar.

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