Sequestro de Carbono

 

A expressão seqüestro de carbono vem da capacidade que todo vegetal tem de no processo da fotossíntese reter na sua estrutura o carbono oriundo da molécula de CO2 atmosférico. As florestas funcionam como poço (sumidouro) de carbono, porque o carbono nelas estocados é mantido dentro do sistema de relação solo e planta num processo equilibrado. Quando uma floresta está em fase de crescimento, este estoque aumenta. Quando o estoque diminui, a floresta se torna uma “fonte” de carbono, já que o CO2 está rejeitado na atmosfera. Orientado sob esse conceito, nasceu o nome do projeto de reflorestamento para seqüestro de carbono – Poço de Carbono Peugeot-ONF.

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O objetivo do projeto é a captura do CO2 atmosférico pelo reflorestamento de 2.000 hectares de pastagens degradadas, como também a preocupação de favorecer um retorno progressivo da floresta. Essa orientação até a reconstituição do ecossistema natural se materializou pela seleção prioritária de espécies locais, favorecendo a diversidade (mais de 50 espécies testadas no inicio do projeto).

Além da ação de “capturar carbono”, o projeto contribuiu com apoio a respostas cientificas as grandes questões no rol das florestas em meio a luta contra o efeito estufa.

Através do seu programa científico paralelo, o projeto busca analisar a eficiência da floresta plantada na diminuição das concentrações de CO2 atmosférico, acumulado pelas atividades humanas.

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Foto: Dr. Antonio Carlos de Freitas

Uma série de outras perguntas decorrem dessa problemática inicial : “Qual é o ritmo de estocagem de CO2 ao longo do crescimento das árvores?”, “Quais são as espécies mais favoráveis ao reflorestamento (sobrevivência) e a estocagem de carbono (crescimento)?”. Também há questões vinculadas a biodiversidade, tema indissociável da estocagem de carbono quando se fala de utilizar as florestas para lutar contra o efeito estufa. O projeto integra também uma problemática de replicabilidade: “Qual é o modelo econômico a desenvolver para que um projeto de reflorestamento/seqüestro de carbono seja viável no contexto local?”

Na caminhada para responder estas questões, resultados de trabalhos nas áreas de monitoramento do estoque de carbono e sua dinâmica no sistema, e também silvicultura, zoologia, ciências florestais, integração, sócio-econômica com a comunidade local, estão sendo obtidos e disponibilizados.

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Foto: Dr. Antonio Carlos de Freitas

Integração Social

 

COMUNIDADES ENVOLVIDAS

A importância da integração local do projeto

A fazenda São Nicolau está situada numa região pioneira, onde as principais atividades são agricultura e pecuária, onde propriedades de milhares de hectares coexistem ao lado de assentamentos de pequenos agricultores e de comunidades indígenas pobres. Se o Projeto ficasse alheio a essa realidade socioeconômica e se tornasse um “santuário ambiental”, correr-se-ia o risco de provocar incompreensão e rejeição, comprometendo certamente as chances de multiplicar essa experiência. A Peugeot, a ONF e os seus parceiros compreenderam perfeitamente essa dimensão e tomaram todas as medidas necessárias para demonstrar sua vontade de implantar localmente o projeto.

O projeto pretende mostrar que a proteção dos ecossistemas e o desenvolvimento local não são incompatíveis. Essa demonstração passa não apenas pela experimentação concreta de modalidades de gestão da floresta favoráveis às populações, mas também por ações de conscientização do público.

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Foto: Dr. Antonio Carlos de Freitas 

A integração do projeto em seu entorno socioeconômico imediato

Em 2006, o projeto lançou um mini-projeto de coleta sustentável de castanha-do-pará em seus 7.000 hectares de floresta natural, feito por pequenos agricultores das colônias vizinhas (Vale Verde, Cotriguaçu) em benefício destes últimos. Realizado em parceria com o PNUD-GEF Juruena de apoio aos pequenos agricultores, essa operação se destina prioritariamente a demonstrar que a floresta pode constituir uma fonte de renda para as comunidades locais.

Colhidas e secadas na fazenda, as castanhas são enviadas em seguida para a nova unidade de processamento de Juruena, instalada pelo programa GEF-Juruena, onde são descascadas e embaladas. Dessa forma os coletores conseguem evitar os intermediários (“recatadores”) e podem vender a castanha por um preço mais vantajoso para uma rede de compradores criada pelo PNUD.

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A conscientização ambiental da escola primária à universidade

Desde 2001, o projeto desenvolve um programa de educação ambiental voltado aos alunos das escolas primárias de Juruena e Cotriguaçu. Todos os anos, cerca de 400 alunos dessas escolas vêm em grupos passar uma semana na fazenda, acompanhados por seus professores e educadores ambientais especialmente contratados pelo projeto. Passeios educativos na floresta, trabalhos manuais, peças de teatro: são vários os meios de educar as crianças para a natureza, de ensiná-los a ter uma outra visão da floresta que não seja a de um meio hostil cuja única utilidade seria fornecer terra e madeira. Como as crianças exercem uma influência importante sobre os pais, consegue-se atingir centenas de famílias. Diante do sucesso das chamadas “classes verdes”, o projeto decidiu, em 2008, ampliar suas atividades a comunidade de Japuranã, município de Nova Bandeirante.

Saiba mais.

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Foto: Dr. Antonio Carlos de Freitas

Biodiversidade

 

A fauna e a flora da fazenda São Nicolau

O objetivo do projeto não é somente manter a biodiversidade das áreas de mata, mas também reflorestar as antigas pastagens. Para isso, a seleção da maioria de espécies nativas foi uma prioridade desde o inicio dos plantios. Mais de 50 espécies amazônicas foram testadas, e dessas uma dezena, identificada como interessante pela sua capacidade de crescimento em áreas degradadas, funcionam como pioneiras na restauração da biodiversidade.

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(Foto: Dr Antonio de Carlos Freitas)

A área de floresta nativa da fazenda, com superfície de 7.000 hectares, foi objeto de um inventário florestal detalhado entre 2005 e 2006 pela faculdade de Ciências Florestais da Universidade Federal do Mato Grosso. O inventário revelou a presença de mais de 135 espécies de árvores de 43 famílias, e de um grande número de epífitas, lianas e produtos não madeireiros de grande importância, como a castanha, açaí e babaçu.
A biodiversidade da fauna também é significante: 346 espécies de aves, 45 espécies de anfíbios, 44 espécies de serpentes, 41 espécies de pequenos e grandes mamíferos, incluindo 12 espécies em vias de extinção que foram identificados durante os diferentes inventários que tiveram lugar na fazenda. Parte dessas listas, elaboradas com o apoio da UFMT e da ONF-Guiana, mereceu destaque em publicações especializadas, como também parte dos trabalhos sobre a entomofauna (insetos) que também tiveram lugar na fazenda. E os levantamentos continuam sendo realizados.

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(Foto: Dr Antonio de Carlos Freitas)

Importância das pesquisas sobre a biodiversidade

Os programas de monitoramento da biodiversidade são extremamente importantes no âmbito do projeto. Eles possibilitam avaliar as riquezas biológicas, da flora e da fauna da Fazenda São Nicolau, inserida no ecossistema amazônico, e em particular de sua área de floresta natural.
Devido à escassez desse tipo de trabalhos no Brasil, principalmente na região noroeste de Mato Grosso, os resultados desses estudos permitem gerar conhecimentos importantes sobre a riqueza biológica da região.

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(Foto: Dr Antonio de Carlos Freitas)

Eles também fornecem dados concretos para o monitoramento da biodiversidade nos reflorestamentos. O objetivo é verificar o impacto do projeto na recuperação do ecossistema natural.
Parte-se da hipótese que o plantio de espécies nativas e exóticas em antigos pastos deve permitir o retorno progressivo da fauna e da flora nativas das regiões assim “reconstituídas”. Os programas de monitoramento da biodiversidade permitirão a verificação desse postulado, fundamental para o futuro dos reflorestamentos e análise de sua viabilidade do ponto de vista ambiental. Essa hipótese, contudo, só pode ser estudada a longo prazo, o que se torna possível graças à duração do projeto Poço de Carbono.

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(Foto: Dr Antonio de Carlos Freitas)

Assim, depois das listagens detalhadas da macrofauna e da entomofauna presente na fazenda São Nicolau, o projeto tem entrado numa fase de comparação da biodiversidade entre os seus diferentes ecossistemas: floresta nativa, pastagens testemunhos, capoeira, área de reflorestamento. Um exemplo pode ser o projeto de monitoramento da onça pintada e de outros grandes mamíferos, graças a uma rede de armadilhas fotográficas. Essas foram instaladas em vários pontos da fazenda em cooperação com o projeto Jaguar Juruena, da ONG de conservação Reserva Brasil.

Preservar a biodiversidade

Para otimizar a proteção da biodiversidade, o projeto colabora ativamente com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso em prol da criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural de 1.800 hectares na fazenda. Essa Reserva, localizada na margem oeste do Rio Juruena, se integrará à rede de corredores biológicos norte-sul estabelecido pelo PNUD através do seu “Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas de Fronteira do Noroeste do Mato Grosso”.

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(Foto: Dr Antonio de Carlos Freitas)

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