Roça Agroflorestal preparada para plantio (Foto: Emily Martello/ ONF Brasil).

Roça Agroflorestal preparada para plantio (Foto: Emily Martello/ ONF Brasil).

O plano de estágio do Programa de Integração Local da ONF Brasil desenvolveu uma série de atividades para fortalecer o trabalho de produção de alimentos na Fazenda São Nicolau. Saulo Thomas, engenheiro florestal do Programa, conta que a principal contribuição do estágio é a sistematização das informações sobre a produção de alimentos pelo Sistema Agroflorestal (SAF), em fase de execução. O SAF, conhecido na fazenda como Roça Agroflorestal, pretende suprir a demanda mensal da cozinha com frutas e vegetais diversificados e orgânicos, garantindo uma produção contínua de baixo custo. A perspectiva é que os produtos cultivados também possam ser distribuídos para os colaboradores da Fazenda.

A estagiária colabora também na produção do viveiro, com a elaboração de um calendário de coleta de sementes. Esse trabalho considera as espécies nativas da região utilizadas na recuperação das APPs (Áreas de Proteção Permanente) e seus períodos de floração e frutificação. As ações podem consolidar a formação de coletores organizados e também resultar na implantação de uma horta de temperos.

Além de participar das atividades na Fazenda, a estagiária atua na integração com os produtores locais de café e com os parceiros do Projeto de Assentamento Juruena, oferecendo suporte técnico— como a interpretação de análise de solo, por exemplo. O acompanhamento das ações do Projeto de Reflorestamento Afirmativo da Promotoria de Justiça de Cotriguaçu (MT), que conta com a parceria da ONF Brasil, também integra o plano de estágio.

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estagiária Emily Martello se baseia na caracterização do SAF do agricultor Roberto Stofell, nas percepções das famílias sobre o sistema e no levantamento de dados dendrométricos. A pesquisa da estagiária pretende assegurar a continuidade do estudo iniciado por outros pesquisadores. O levantamento, por exemplo, pode ajudar no manejo das espécies florestais do SAF e na introdução de espécies frutíferas, como o café e o cacau, que se adaptam ao sombreamento intermediário. Todas essas atividades consolidam o trabalho de reflorestamento e boas práticas na Fazenda São Nicolau e na região, propondo modelos sustentáveis para outros produtores do Noroeste de Mato Grosso e ofertando comida saudável para o refeitório da Fazenda.

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Viveiro com as mudas de 38 espécies nativas (Foto: Acervo da ONF Brasil)

Viveiro com as mudas de 38 espécies nativas (Foto: Acervo da ONF Brasil)

Em 2016, as atividades de reflorestamento entraram na quinta etapa do processo de Restauração nas Áreas de Preservação Permanentes Degradadas (APPDs) da fazenda em Cotriguaçu, MT. Foram produzidas 16 mil mudas para o plantio em 12 hectares, que, em conjunto com as ações realizadas nos últimos cinco anos, serão responsáveis pelo cumprimento da metade da meta, já neste ano.

As plantas selecionadas para a iniciativa compreendem 38 espécies nativas, dentre elas o Cedro rosa, a Paineira, a Castanheira, o Jatobá e o Ingá. Além do reflorestamento, outra técnica a ser utilizada para a recuperação da área é a Regeneração Natural, deixando que os processos naturais conduzam ao desenvolvimento livre da vegetação e aproveitando o potencial de regeneração de algumas áreas.

As ações decorrem do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC 8607/2012) assinado entre a ONF Brasil e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT). O dispositivo legal determina a restauração nas Áreas de Preservação Permanentes (APPs) da Fazenda São Nicolau a partir de 2012.

De uma forma geral, a iniciativa de reflorestamento no território começou nas áreas de Reserva Legal com o projeto Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF em 1998. Atualmente o TAC de 2012 assegura a continuidade do plantio, agora nas Áreas de Restauração. As ações são necessárias, pois, antes da aquisição da São Nicolau pela ONF Brasil, de 1981 até 1998, a fazenda sofreu com o desmatamento, a queimada e a implementação de pastos. Os diferentes projetos e parcerias firmados pela empresa florestal contribuem para a recuperação e conservação ambiental da área.

A equipe da ONF Brasil trabalha pela restauração de áreas degradadas da Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo da ONF Brasil)

A equipe da ONF Brasil trabalha pela restauração de áreas degradadas da Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo da ONF Brasil)

 

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Nova espécie identificada é batizada de Hansreia peugeoti em referência a projeto desenvolvidos na Fazenda São Nicolau (Foto: Fernando Vaz de Mello et. all)

 

A identificação da H. peugeoti decorreu da revisão do gênero Hansreia, proposto em 1977 com apenas uma espécie e, desde então, sem novas inclusões. O H. peugeoti foi encontrado na Fazenda São Nicolau, Cotriguaçu – MT, e recebeu o nome em homenagem à empresa produtora de carros Peugeot, que financia o projeto Poço de Carbono Peugeot-ONF. Outras duas novas espécies foram identificadas a partir da pesquisa liderada pelo biólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Dr. Fernando Vaz de Mello. A análise expandiu o gênero Hansreia para o total de seis espécies, resultando em uma tabela com as características para a identificação dos besouros.

O Hansreia é um pequeno gênero amazônico de besouros “rola-bosta”, que podem ser encontrados no Brasil, na Venezuela e na Guiana. Algumas características do gênero são: o pronoto – primeiro segmento do tórax – metálico de cor esverdeada, avermelhada ou amarelada; a cavidade no dorso que percorre de uma lateral até a outra do corpo; e a cobertura para as asas de cor marrom opaca.

Para identificar as espécies, observou-se a morfologia do órgão genital masculino de 530 indivíduos, a fim de esclarecer as diferenças taxonômicas entre os espécimes. O material estudado foi coletado na seção de entomologia das coleções zoológicas da Universidade Federal do Mato Grosso e do Museu Paraense Emílio Goeldi; na coleção de Scarabaeinae do Museu de Zoologia da Universidade Federal do Pará; e em museus da Alemanha, do Canadá e da Dinamarca.

A partir da análise, os pesquisadores estabeleceram características para a identificação do H. peugeoti. Os indivíduos machos desta espécie possuem o pronoto liso com um forte brilho metálico esverdeado. O tórax é rodeado por microtúbulos densos, localizados na lateral e na parte posterior do animal. Já o esclerito – placas de quitina que revestem os artrópodes em geral –possui a forma de uma ferradura curvada, com um “braço” curto em sua margem interna.

Além da nova espécie encontrada na São Nicolau, ao total, seis outras integraram o gênero Hansreia. As referidas espécies são a H. coriacea, H. affinis, H. oxygona e as três espécies inéditas, H. peugeoti, H. grossii e H. krinskii.

 

Referência Bibliográfica:

Valois, M., Vaz-De-Mello, F. Z., & Silva, F. A. (2015). A taxonomic review of the Neotropical genus Hansreia Halffter & Martínez, 1977 (Coleoptera: Scarabaeidae, Scarabaeinae). Zootaxa, 4027(2), 205-226.

Workshop mostrou oportunidades de potenciais financiadores e o passo-a-passo para construção de um projeto.

Workshop mostrou oportunidades de potenciais financiadores e o passo-a-passo para construção de um projeto.

 

Quando se tem um objetivo em comum, o desafio, muitas vezes, é saber o que fazer para alcançá-lo.  Foi para isso que agricultores familiares, conselheiros, gestores, indígenas e técnicos municipais de Cotriguaçu, noroeste de Mato Grosso, reuniram-se nos dias 9 e 10 de dezembro: aprender a construir projetos para alcançar os sonhos de seus grupos.

O workshop, organizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) através do projeto Construindo estratégias de produção sustentável para a agricultura familiar na Amazônia Mato-grossense, com financiamento do Fundo Vale, mostrou oportunidades de potenciais financiadores, pois uma das dificuldades enfrentadas pelas associações é a falta de informação, não conhecer onde procurar apoios.

“Ainda se tem a ideia de que recurso é só financeiro, mas existem outras estratégias como parcerias que apoiam necessidades concretas de equipamentos e capacitações, por exemplo”, citou Suzanne Scaglia, educadora do ICV. Além de mostrar o passo-a-passo da gestão e o ciclo de projetos, que envolve um diagnóstico, o planejamento, a elaboração do plano de captação de recursos e a proposta em si, foram apresentadas outras formas de mobilização de recursos como a valorização dos potenciais locais, o financiamento colaborativo e  as campanhas.

Raquel Pereira da Silva, engenheira florestal da prefeitura de Cotriguaçu que faz a relação entre o poder municipal e o Conselho de Meio Ambiente explicou sobre o Fundo Municipal de Meio Ambiente (Fundema), uma oportunidade para que as organizações possam acessar recursos.  “É uma opção muito mais próxima, mais fácil localmente”, esclarece ela, destacando que ter um Fundo ativo está na linha da gestão participativa e do controle social que a cidade vem adotando.

“Muitas vezes a busca pelo recurso acaba sendo feito por uma pessoa, é importante que ela seja descentralizada”, avaliou como um dos aprendizados Gilmar Raonir Tomás, da Associação dos Pequenos Produtores do Rio Lambari, de Cotriguaçu. O promotor de justiça, Claudio Ângelo Correa Gonzaga, falou sobre as alternativas que a Promotoria oferece aos grupos, para apoiar iniciativas locais visando a recuperação de danos ambientais, e favorecer a reinserção de reeducandos. Os participantes compartilharam as dificuldades e necessidades de mobilização de recursos de suas associações e se reuniram em grupos para elaborar propostas de projetos, colocando em prática o que foi aprendido no encontro. Edna Soledade, professora da Escola Municipal do Campo Aldovandro da Rocha Silva, socializou o que foi construído pelo seu grupo para a Associação de Pais e Mestres da Escola e tratou de melhorias no prédio escolar como construção de muros, troca de portas das salas de aula e melhoria nos banheiros.

“A gente não tinha nem noção de como fazer para escrever um projeto para buscar recursos, dependia dos outros, agora já dá para caminhar com as próprias pernas”, avaliou Marinete Plater Berger, da Associação dos Apicultores de Colniza (AAPICOL) ao final do workshop.

Fonte: Raíssa de Deus Genro – ICV

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Foto: SEMA-MT.

As unidades de conservação de Mato Grosso Reserva Extrativista (Resex) Guariba-Roosevelt, localizada em Colniza, o Parque Estadual do Cristalino, situado entre os municípios de Alta Floresta e Novo Mundo, e o Parque Estadual Igarapés do Juruena, que abrange as cidades de Colniza e Cotriguaçu, contarão com auxílio de uma caminhonete 4×4 L200 Triton cada no atendimento às demandas de fiscalização e monitoramento ambiental.

Os três veículos foram adquiridos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), por meio do programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Juntos, eles somam um montante de R$ 460 mil. Conforme a coordenadora de Unidades de Conservação da Sema, Paula Marye Andrade, os carros foram solicitados pelo órgão ambiental em 2015 e recebidos nesta semana.

Para ela, esta aquisição representa mais um avanço na gestão ambiental, tendo em vista que as caminhonetes antigas tinham um custo de manutenção em torno de R$ 26 mil cada por ano. “Além de economia, vamos reforçar o trabalho dos gerentes que muitas vezes não tinham como executar as atividades, porque o carro estava desgastado devido os anos de uso”.

Quem também está feliz com a aquisição é o gerente da Resex Guariba-Roosevelt, José Cândido Primo. “Vamos ter mais condições de realizar os trabalhos dentro e no entorno da unidade. Também vamos oferecer mais segurança à equipe”.

Programa Arpa

Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Arpa é gerenciado financeiramente pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e conta com apoio de recursos doados por Organizações Não-governamentais (ONGs) nacionais e internacionais. A execução é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e os Governos do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins.

Fonte: Fernanda Nazário/ Secretária de Estado de Meio Ambiente – MT.

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Weslei Butturi expôs dados no recorte do Código Florestal. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV.

O Núcleo de Geotecnologias do Instituto Centro de Vida (ICV) apresentou ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) de Cotriguaçu, nesta quarta-feira, dia 26, uma base de dados analíticos por meio de mapeamentos das categorias fundiárias, de Áreas de Proteção Permanente (APPs), do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), de cobertura de solo e desmatamento, no recorte do Código Florestal. A proposta, segundo Weslei Butturi, analista de Geotecnologias do ICV, é que o material possa subsidiar as ações do próprio Conselho e da gestão pública.

Amilton Castanha, presidente do CMMA e também atual secretário de Meio Ambiente, e Raquel Pereira da Silva, engenheira florestal da pasta e que coordena o Projeto Semeando Novos Rumos (que tem como um dos objetivos a recuperação de 600 hectares (ha) de áreas de APP degradadas), fiscalizado pelo Conselho, afirmaram que os dados serão úteis para melhorar a eficiência das ações e ajudar nos argumentos para propor novos projetos.

Entre as informações expostas, está a de que o maior número de imóveis no município tem o tamanho de 100 hectares, ou seja, são pequenas propriedades. São 2.685 unidades, que representam 81% do total de imóveis, ao mesmo tempo, que correspondem a 19% (em torno de 123 mil ha) da área municipal. Já os imóveis acima de 1.500 hectares representam 51% da área total do município (mais de 322 mil ha), distribuídos em 77 imóveis.

Os imóveis rurais de até 100 ha figuram com o maior número de desmatamento após 22 de julho de 2008, com cerca de 24 mil ha, representando 59% do desmatamento ocorrido no município após essa data. Esta incidência predomina em projetos de assentamento (Nova Cotriguaçu, Juruena e Cederes).

Esse aspecto reforça a importância da regularização fundiária (veja matéria Corregedoria oficializa Comissão de Assuntos Fundiários e Registros Públicos em Cotriguaçu). Ao mesmo tempo, torna a ação da Justiça mais eficaz, como citou o promotor público Claudio Angelo Correa Gonzaga, em apresentação anterior à de Butturi, aos conselheiros. Segundo ele, para combater o desmatamento em pequenas propriedades, a promotoria está apostando em penas que envolvam prestação de serviços à comunidade, obrigatoriedade de o infrator prestar serviço na brigada do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e utilização de mão de obra de detentos para a restauração florestal.

Sobre a estimativa de área cadastrada atualmente no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), em Cotriguaçu, existe 76% da área (cerca de 479 mil ha) passível de CAR, restando quase 24% (mais de 149 mil ha) para que todos os imóveis do município estejam no sistema.

Em relação as Áreas de Proteção Permanente (APPs), foi levantado que existem mais de 66 mil ha de APPs conservadas, a maior parte localizada do Parque Nacional do Juruena e no Parque Estadual Igarapés do Juruena, além da Terra Indígena Escondido e de grandes propriedades onde são mantidos planos de manejo. O desafio está em restaurar os aproximadamente 6.700 hectares de APPs degradadas.

Os mapas também mostram que o percentual de área desmatada após 22 de julho de 2008 em relação ao total de área aberta no município é de aproximadamente 21% (41 mil ha), enquanto os remanescentes de vegetação nativa equivalem a 77% (cerca de 734 mil ha) da área total do município, concentrados principalmente nas unidades de conservação e na terra indígena.

Fonte: Instituto Centro de Vida.