Floresta com tipos diferentes de planta se recupera melhor após ser submetida a aquecimento moderado, conclui pesquisa, que amplia entendimento da importância da biodiversidade.

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Foto: Neil Palmer/ Wikimedia Commons/ Creative Commons.

Um grupo internacional de cientistas pôde, pela primeira vez, demonstrar em larga escala que florestas com maior diversidade de características e funcionalidades de plantas têm também maior potencial de adaptação a mudanças no clima, utilizando a Amazônia como estudo de caso. O estudo, publicado no periódico Nature Climate Change no dia 29 de agosto de 2016, reforça a importância da preservação da biodiversidade como instrumento de políticas públicas contra o agravamento da crise climática.

“É nítido que a biodiversidade não é um benefício adicional, e sim um aspecto fundamental para a sobrevivência a longo prazo das grandes reservas de biomassa da Terra, como a floresta amazônica”, afirmou Boris Sakschewski, do Instituto de Pesquisa de Impactos Climáticos de Potsdam, que liderou o trabalho. “A diversidade vegetal pode permitir que o maior ecossistema tropical do mundo se ajuste a certo nível de mudança climática – árvores que hoje são espécies dominantes, por exemplo, poderiam dar lugar a outras que seriam mais adaptadas às novas condições.”

Para estudar como a diversidade funcional de plantas contribui para a resiliência de florestas tropicais, o grupo primeiro investigou uma pequena área de floresta no Equador, com base em sua resposta, realizou simulações em computador para toda a bacia amazônica. “É um modelo bastante interessante e que traz a mensagem de que, além da diversidade de espécies numa floresta, devemos olhar para a diversidade de características e funcionalidades das plantas para a manutenção do serviço cumprido por elas”, afirma o ecólogo Daniel Piotto, da Universidade Federal do Sul da Bahia.

O modelo biogeoquímico desenvolvido, que simula ambientes florestais diversos, mostrou que essa diversidade pode permitir que a floresta se ajuste a novas condições climáticas e mantenha seu potencial de sumidouro de carbono: enquanto árvores acima de 30 m, atuais maiores contribuintes para a biomassa do ambiente, seriam reduzidas no médio prazo, a vegetação do sub-bosque, de tamanho médio e árvores mais jovens, teria oportunidade de receber mais luz e se regenerar para as novas condições. No modelo, essa mudança melhorou o equilíbrio de carbono e a taxa de sobrevivência das árvores, o que causou recuperação de biomassa e estrutura para as espécies.

A notícia, porém, não representa um alívio de preocupações: enquanto, num cenário de cumprimento das metas do Acordo de Paris e emissões moderadas, a taxa de recuperação seria em torno de 84% após alguns séculos, o dano causado por emissões em massa, sem respeito ao acordo ou aumento de ambição das propostas sobre a mesa, permitiria que apenas 13%. da área se recuperasse pelas mesmas condições.

O novo estudo é mais um de uma série de trabalhos recentes mostrando relações importantes entre biodiversidade florestal e clima. Desde o ano passado, por exemplo, pesquisas chefiadas pelo ecólogo paraense Carlos Peres, da Universidade de East Anglia (Reino Unido), e pelo biólogo Mauro Galetti, da Unesp de Rio Claro, têm mostrado, entre outras coisas, que a caça de mamíferos como queixadas e antas ajuda a reduzir a dispersão de árvores grandes, diminuindo a fixação de carbono pelas matas na Amazônia.

Fonte: Camila Faria/ Observatório do Clima.

Demarcação de territórios tradicionais não está listada como política para cumprir a NDC, mas evitaria emissão de 31 milhões de toneladas de gás carbônico por ano, afirma estudo.

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Pedro Biondi/ Agência Brasil/ Creative Commons.

Um estudo do WRI (World Resources Institute) publicado no dia 6 de outubro concluiu que, de 2000 a 2012, as taxas anuais de desmatamento em áreas florestais indígenas de posse definida no Brasil foram 2,5 vezes menores do que fora desses territórios, o que pode representar uma medida eficiente e mais barata de redução de emissões.

O estudo é mais um a ratificar a importância da demarcação e homologação de terras indígenas para a proteção da floresta e do clima. Segundo o WRI, o cumprimento das metas do Brasil no Acordo de Paris (a chamada NDC) pode ser facilitado ao assegurar aos índios a posse de seus territórios tradicionais – embora a demarcação não seja uma política formalmente listada pelo governo como auxiliar no cumprimento da meta.

A pesquisa foi realizada com informações três países da Bacia Amazônica: Brasil, Bolívia e Colômbia. De acordo com os dados do WRI, é possível estimar um benefício econômico de US$ 523 bilhões a US$ 1,1 trilhão para o Brasil num período de 20 anos, com custos que chegam ao máximo de 1% dos benefícios totais.

Esses valores são calculados com base nos custos estimados de investimento em segurança de posse no país (US$ 68/ha), mitigação de carbono através de programas de posse assegurada nas áreas (US$ 8,74 a US$ 11,88 por tonelada de CO2) e a média de custos de corte de emissões por meio da captura e armazenamento de carbono fóssil, estimados entre US$ 58/tCO2 para usinas elétricas a carvão e US$ 85/tCO2 para usinas de energia a gás. Especificamente no que diz respeito à captura e armazenamento de carbono, os custos de proteção de posse são de 5 a 29 vezes menores que os custos estimados de usinas de energia a carvão, e de 7 a 42 vezes menores que as usinas de energia a gás.

Áreas indígenas florestais homologadas evitam anualmente a emissão de 42,8 a 59,7 milhões de toneladas de CO2 no Brasil, na Colômbia e na Bolívia, afirma o WRI. Especificamente no Brasil, existe potencial para evitar a liberação 31,76 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que equivale a 6.708.778 veículos de passageiros retirados das ruas durante o período.

“Nossa pesquisa aponta que, ao assegurar a posse das terras na Colômbia, o país evita a emissão de 3 milhões a 4.6 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que representa quase 70% do compromisso total feito com o Acordo de Paris”, afirmou Peter Veit, diretor de Iniciativas de Direitos de Terra e Recursos do WRI e um dos coautores do estudo. “Mais nações deveriam tornar a garantia dessa posse de terras como estratégia central para o combate a mudanças climáticas”, defende.

CONFIRMAÇÃO

O trabalho do WRI vai na mesma linha, embora use métricas de valoração diferentes, de estudos do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) sobre o assunto. Em 2015, o Ipam publicou um trabalho em parceria com a GIZ (Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional) mostranso que os territórios indígenas na Amazônia brasileira representam uma reserva de cerca de 13 bilhões de toneladas de carbono (46,8 bilhões de toneladas de CO2) – 30% do que existe estocado na floresta.

O relatório estimou que as comunidades indígenas na Amazônia terão sido responsáveis ​​por evitar a emissão de 431 milhões de toneladas de CO2 desde 2006 até 2020, graças à proteção dos estoques de carbono em suas terras. Se fosse aplicado o mesmo valor monetário por tonelada de CO2 destinado ao Fundo Amazônia por compensação por redução do desmatamento, a contrapartida pela preservação nessas terras seria equivalente a quase R$ 7,5 bilhões, ou cerca de R$ 500 milhões por ano. Isso equivale a quase metade do orçamento do Ministério do Meio Ambiente em 2015, excluindo salários e pagamento de aposentados, segundo dados do portal Siga Brasil.

Veit também aponta que, caso os povos indígenas não tivessem a garantia de posse sobre suas áreas florestais, as emissões de CO2 para cada país teriam sido muito maiores, cerca de 9% maiores por ano na Bolívia e 3% no Brasil e na Colômbia: “Para o Brasil, essa diferença em emissões é equivalente ao total de emissões de CO2 da Irlanda no ano de 2012”, compara.

No Brasil, há iniciativas no Congresso para enfraquecer ou suspender as demarcações. A principal delas é a PEC-215, no momento adormecida na Câmara, que retira do Executivo a prerrogativa de demarcar terras indígenas e transfere-a ao Parlamento. Com o peso da bancada ruralista, a aprovação da emenda significaria na prática um congelamento das demarcações no país. Um estudo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) publicado no ano passado estima que a PEC, sozinha, poderia causar emissões adicionais por desmatamento em terras indígenas de 100 milhões de toneladas de CO2.

Fonte: Camila Faria/ Observatório do Clima.

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Foto: Nasa.

Em agosto e setembro, o Inpe detectou 425.178 focos de calor no bioma amazônico. Nos mesmos meses de 2015, foram registrados 444.942 focos, cerca de 4% a mais. Já a área queimada cresceu pouco mais de 5%, de 102.965 para 108.655 quilômetros quadrados, na mesma comparação.

Esse fogaréu todo responde pelo nome de El Niño (“o menino”, em espanhol), que começou no ano passado e só foi perder força no primeiro semestre de 2016.

El Niño é um fenômeno natural climático como consequência do aquecimento fora do normal das águas do Oceano Pacífico na altura da costa do Peru. Conhecido por alterar globalmente os índices pluviométricos e os padrões de vento, no Brasil ele atinge as regiões de formas diferentes. Ao modificar a distribuição de calor e umidade, El Niño geralmente causa excesso de chuva no Sul do país e redução no Nordeste e no Leste da Amazônia.

No período de 2015-2016, a temperatura da superfície do Oceano Pacífico foi a mais alta registrada desde 2001, quando começou o monitoramento de queimadas por satélite. Para piorar, a temperatura da superfície do Oceano Atlântico também esteve acima do normal, o que intensificou a seca e, por consequência, as queimadas na Amazônia este ano1.

Alta intensidade

O último grande El Niño foi registrado entre 1997 e 1998. O fenômeno causou uma intensa seca na Amazônia, o que aumentou significativamente as queimadas. Naquele período, estudos do IPAM com IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostraram que na Amazônia os prejuízos com o fogo chegaram a quase 10% de PIB (cerca de US$ 5 bilhões na época). Em 1998, só o SUS (Sistema Único de Saúde) gastou mais de US$ 10 milhões com tratamento de problemas respiratórios na região devido à fumaça das queimadas na região. No Nordeste, a estiagem provocou uma perda de R$ 1,8 bilhão2 devido a quebras de produção. No Sul, as chuvas ficaram acima da média histórica, causando tempestades e enchentes.

Neste ano, o El Niño foi, além de intenso, extenso (confira gráfico abaixo). “Ainda não podemos atribuir essa intensidade do fenômeno ao aquecimento global; serão necessárias um pouco mais investigações”, explica o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho. “Mas o que se pode já dizer é que, se o avanço do desmatamento e da mudanças climática continuarem, o cenário de grandes secas em boa parte da Amazônia poderá ser algo bem comum no futuro.”

Fonte: Karinna Matozinhos/ IPAM.

Organização Meteorológica Mundial afirma que este ano tem 95% de chance de ser o mais quente da história e que cumprir meta de 1,5oC do Acordo de Paris exigirá esforço “dramático”.

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Foto: Tpsdave/ Pixabay/ Domínio Público.

O aquecimento da Terra nos primeiros nove meses de 2016 chegou a cerca de 1,2oC acima da média pré-industrial e há hoje 95% de chance de que o ano termine batendo o recorde absoluto de mais quente desde o início dos registros.

O recado vem da Organização Meteorológica Mundial, que lançou nesta segunda-feira na COP22, em Marrakesh, seu balanço anual preliminar O Estado do Clima.

Segundo o documento, as temperaturas globais entre janeiro e setembro foram 0,88oC mais altas que a média do período 1961-1990, e cerca de 1,2oC maiores que a média pré-industrial. Em 2015, o planeta atingiu 1oC acima da média pré-industrial. Em algumas regiões do Ártico russo, as temperaturas chegaram a 7oC acima da média.

Recordes de eventos extremos foram batidos novamente ao longo de todo o ano: no verão, uma localidade no Kuwait atingiu 54oC, a temperatura mais alta já registrada na Ásia; a Tailândia bateu seu recorde absoluto, com 44,6oC; furacões atingiram o Sudeste Asiático, as ilhas do Pacífico, a Coreia do Norte e o Caribe, com o furacão Matthew encabeçando a lista das tempestades mais letais: 546 mortos no Haiti. A única porção de terra do mundo com temperaturas abaixo da média neste ano foi uma região entre o norte da Argentina, o Paraguai e a Bolívia.

Um relatório do Banco Mundial lançado também nesta segunda-feira em Marrakesh dá uma dimensão dos impactos desses extremos: segundo o banco, o prejuízo causado por desastres naturais no mundo tem sido subestimado em 60%: as perdas em consumo chegam a US$ 520 bilhões 26 milhões de pessoas são empurradas para a pobreza todos os anos.

ALTA VELOCIDADE

O salto de 0,2oC em apenas um ano é uma mudança de marcha desde o início das medições globais com termômetros, em 1880. Daquela época até 2012, o planeta aqueceu 0,85oC e, de 2012 a 2015, 0,15oC.

De acordo com o secretário-executivo da OMM, Petteri Talaas, a tendência atual de aquecimento foi turbinada pelo forte El Niño de 2015/2016, que além de elevar a temperatura dos mares causou uma série de outras perturbações nos ecossistemas que ajudaram a impulsionar ainda mais a subida do termômetro global. Alguns desses fenômenos, como os megaincêndios florestais do Canadá deste ano, ainda mantiveram as emissões de CO2 em alta, mesmo com uma estabilização no setor de energia em 2015.

As temperaturas seguem elevadas mesmo nos últimos meses, com a reversão do El Niño para La Niña, quando as águas do Oceano Pacífico resfriam. “É provável que a temperatura não seja tão alta no ano que vem”, disse Maxx Dilley, chefe de Previsão de Clima e Adaptação da OMM. No entanto, prosseguiu, “a mudança está acontecendo muito mais rápido que a capacidade do processo de acompanhar”.

O “processo” a que Dilley se referiu é o Acordo de Paris, o único mecanismo internacional já proposto para enfrentar a mudança do clima. O acordo está tendo os detalhes de sua implementação rascunhados na COP de Marrakesh, que entra em sua fase decisiva nesta terça-feira, com a chegada de ministros de 196 nações.

Paris estabelece que o mundo precisa estabilizar o aquecimento da Terra em bem menos de 2oC em relação à era pré-industrial e fazer esforços para limitá-lo a 1,5oC.

Na hipótese de os próximos anos repetirem o salto de temperatura de 2016, o limite de 1,5oC terá sido ultrapassado em 2018. A chance de isso acontecer é muito baixa, mas a série de recordes de extremos climáticos deste ano ajuda a pôr em perspectiva a dificuldade que o mundo terá de cumprir a meta.

Falando a jornalistas nesta segunda-feira em Marrakesh, o finlandês Petteri Talaas praticamente descartou que seja possível evitar a ultrapassagem da meta de 1,5oC sem recorrer a tecnologias de emissão negativa – ou seja, de captura ativa de carbono da atmosfera.

“[A meta de 1,5oC] ainda é factível, mas precisaremos de um declínio muito dramático nas emissões ao longo dos próximos anos, e a questão passa a ser quão preparados os países estão para gerenciar esse declínio.”

Talaas recusou-se a comentar o impacto que a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA terá sobre as metas de Paris e a tendência de aquecimento. No fim de semana, relatos na imprensa internacional afirmaram que Trump quer retirar os EUA do Acordo de Paris, como prometeu na campanha, da forma mais rápida possível.

BALANÇO DE CARBONO

A única boa notícia da manhã de segunda-feira em Marrakesh foi dada pelos pesquisadores do Global Carbon Budget Project, ligado à Universidade de East Anglia, no Reino Unido.

Eles afirmaram que as emissões de CO2 por queima de combustíveis fósseis em 2016 devem ficar estagnadas pelo terceiro ano consecutivo.

A redução no uso de carvão mineral para geração de eletricidade nos EUA e na China estão entre os principais fatores da redução. No entanto, alertou a equipe britânica, as emissões por mudanças de uso da terra continuaram altas, o que fez com que a concentração de gases-estufa na atmosfera aumentasse. Desmatamento na Indonésia (cujas florestas contêm muito mais carbono que as da Amazônia) e incêndios florestais no Canadá estão entre as causas do crescimento.

Fonte: Claudio Angelo e Camila Faria/ Observatório do Clima.

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Imagem: Pixabay

 

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) publicou o documento-base sobre a elaboração da estratégia nacional de implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC) do Brasil, no contexto do Acordo de Paris.

Entidades interessadas em comentar o texto, têm do dia 16 de dezembro até março de 2017, para preencher o formulário e enviá-lo ao endereço eletrônico ndcdobrasil@mma.gov.br. As contribuições serão repassadas ao Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e às Câmaras Temáticas, no processo de Diálogos Estruturados.

Elaborado no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica entre o MMA e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o documento-base tem por finalidade subsidiar os diálogos estruturados que o Ministério promoverá em 2017, com o apoio do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, para a elaboração da NDC do Brasil.

Para a elaboração do texto foram consideradas áreas temáticas derivadas da NDC, contemplando biocombustíveis, florestas, agropecuária, indústria, transportes e setor elétrico.

ESTIMATIVA

Segundo o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Everton Lucero, o documento vai balizar as discussões com vistas à elaboração da Estratégia Nacional de implementação e Financiamento da NDC. “Trata-se de um relevante ponto de partida para o debate com a sociedade”, disse.

A estimativa é que a promoção das ações previstas necessite de uma mobilização de recursos entre R$ 890 bilhões e R$ 950 bilhões de Reais até 2030. “Ainda que seja uma estimativa muito preliminar, os valores demonstram a ordem de grandeza que deve ser considerada para o cumprimento das metas brasileiras”, completa Lucero.

De acordo com ele, a projeção reforça a necessidade de reorientação do projeto de desenvolvimento nacional com vistas à consolidação de uma economia de baixo carbono no longo prazo.

Fonte: MMA

Lançada na COP 13, plataforma colaborativa incentiva a cooperação de países amazônicos e reúne dados sobre unidades de conservação.

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Foto: Frederico Brandão/WWF.

O Observatório de Áreas Protegidas e Clima da Amazônia foi lançado na noite dessa segunda-feira (5/12), na Conferência das Partes (COP) 13, em Cancun, no México. Com o objetivo de promover uma gestão mais qualificada e integrada de áreas protegidas da região amazônica e obter um melhor entendimento sobre sua relação com a mudança do clima, o Observatório é uma plataforma colaborativa de cooperação entre países amazônicos.

O lançamento foi feito durante o evento paralelo Áreas Protegidas da Amazônia – Soluções naturais para as mudanças climáticas, organizado pela Rede Latino-Americana de Parques Naturais e Áreas Protegidas (Redparques), Comissão Mundial de Áreas Protegidas e WWF.

Segundo o diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Claudio Maretti, que integrou o grupo de discussão da Redparques no evento, as áreas protegidas têm enfrentado inúmeros desafios.

“Sabemos que essas áreas são uma das mais importantes estratégias de conservação para alcançar as metas de Aichi. Ainda há muito o que fazer e precisamos continuar trabalhando nesta perspectiva regional se quisermos avançar”, avaliou Maretti.

As metas de Aichi são um conjunto de 20 proposições voltadas a minimizar as perdas da biodiversidade em todo o planeta até o ano de 2020. Foram aprovadas na COP 10 da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada em Nagoya, província de Aichi, no Japão, em 2010.

COOPERAÇÃO

Desenvolvido pelo WWF-Brasil em parceria com a Redparques, o Observatório de Áreas Protegidas e Clima da Amazônia é uma plataforma para aumentar a cooperação regional sobre o tema, tornando-se base para o intercâmbio de informações para a gestão e as políticas de áreas protegidas. Além de mapas, os usuários poderão encontrar publicações, notícias, infográficos e vídeos de diversos países.

“Acreditamos que o Observatório também irá promover e acelerar o diálogo entre as partes interessadas e contribuir para um processo de tomada de decisão tecnicamente mais sólido para o desenvolvimento sustentável e a conservação da Amazônia”, explica Mariana Napolitano, coordenadora do Programa de Ciências do WWF-Brasil.

Outra proposta é avaliar de perto o progresso da meta 11 de Aichi, que trata da consolidação dos sistemas de áreas protegidas, apresentando os indicadores e o status de alcance da meta na região amazônica. O Observatório oferece, ainda, links para baixar as principais políticas de mudança do clima e áreas protegidas dos países amazônicos – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa.

O evento em Cancun reuniu representantes dos governos do Brasil, Peru, Colômbia e Equador, além de especialistas em áreas protegidas do WWF-Brasil e União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) para discutir o papel das áreas protegidas para a mitigação e a adaptação à mudança do climática.

SAIBA MAIS

A Redparques é um mecanismo técnico composto por diretores dos sistemas nacionais de áreas protegidas dos países membros. Seu objetivo é aumentar progressivamente a capacidade tecnológica e de gestão, com base no intercâmbio de experiências e conhecimentos entre os membros.

Assista: Áreas Protegidas Soluções Naturais para a Mudança do Clima.

Fonte: Ascom/MMA com informações do ICMBio e WWF-Brasil.