04

jul

2016

Pantanal ameaçado

Por forest

Maior área úmida do planeta corre o risco de perder título concedido pela Unesco

Gazeta Digital

 

Maior área úmida do planeta, o Pantanal corre o risco de perder o título de Reserva da Biosfera Mundial e Patrimônio Natural da Humanidade, concedido em 2000 pela Unesco. O assunto foi debatido durante o 3º Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas (Conbrau), realizado pelo Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (Inau).

Coordenador do CPP e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor Paulo Teixeira de Sousa Júnior explica que, além de validar os serviços ecossistêmicos e sócio ambientais prestados não só às comunidades locais, mas também ao planeta, a titulação de reserva da biosfera é um importante instrumento de conservação de diferentes ecossistemas. Isso porque, ao receber o título, o bioma passa a ter prioridade no desenvolvimento de ações de preservação pelos gestores responsáveis.

Foi o que aconteceu quando o Pantanal foi declarado como reserva. Na época, gestores locais se comprometeram em adotar estratégias de conservação, o que não aconteceu. “Passaram-se 16 anos e a Unesco já sinalizou que não está satisfeita com os trabalhos que estão sendo feitos para preservar o Pantanal, que é alvo de muitas ameaças”. Durante uma reunião realizada com representantes do Ministério do Meio Ambiente e do governo estadual, pesquisadores elaboraram um documento em que apontam as principais ameaças ao bioma, e sugerem ações de conservação.

Segundo Teixeira, as ameaças vão desde a perspectiva local até a global. “As mudanças climáticas, por exemplo, podem impactar na redução da área. Isso porque qualquer mudança na temperatura provoca impactos nos ciclos hidrológicos. Regionalmente, também temos algumas ameaças, como a construção de pequenas hidrelétricas, que apesar de terem baixo impacto, quando em grande quantidade, podem mudar todo o fluxo de um rio, que também impacta no ciclo hidrológico do pantanal”.

A perda de competitividade econômica da pecuária, que provoca a redução dos rebanhos, também é considerada uma importante ameaça. Isso porque, com menos gado no pasto, há um aumento de biomassa, ou seja, de vegetação, o que pode favorecer a ocorrência de incêndios e impactar diretamente na emissão de gases de efeito estufa.

Este é um dos objetos de estudo do pesquisador Eduardo Guimarães Couto, especialista em solo da UFMT, que busca entender o funcionamento e os impactos de fatores externos no bioma pantaneiro. As queimadas, segundo ele, estão entre esses fatores. Elas destroem a vegetação e reduzem a capacidade de absorção de carbono pelo próprio ecossistema. “Nossos estudos já apontam que no pantanal há uma maior absorção do que emissão de gases na atmosfera. O que estamos fazendo agora é quantificar estes dados para termos números reais do que é emitido e absorvido”.

Os estudos feitos em parceria com o Inau na reserva do Sesc Pantanal, em uma área de 120 mil hectares, apontam que durante as cheias, as áreas inundáveis tem uma maior emissão de gases. Grande parte do carbono é absorvido pelas plantas pelo processo de fotossíntese. “Podemos falar que o pantanal funciona como dreno de carbono. Só que as pesquisas são complexas e levam um certo tempo. Queremos quantificar isso, para mostrar ao mundo, com dados concretos, a importância do bioma”.

Pesquisadores do Inau, Higo Dalmagro e Michael Lathuilliere, também participam das pesquisas. Desde 2009, eles avaliam indicadores como temperatura da água, quantidade de carbono que sai do solo e é fixado pela vegetação, e também que é levado pelas águas nas vazantes. “Percebemos que em alguns anos as inundações são maiores, e em  outros menores, quando há uma menor emissão. Com o tempo poderemos saber se há um equilíbrio neste ciclo, ou seja, anos que emitem mais e outros que emitem menos”, detalha Dalmagro.

O principal objetivo da equipe e de outras que estudam o bioma é tornar todas as informações científicas públicas, ou seja, que elas possam ser utilizadas pelos gestores para definir ações de conservação do ecossistema. “Por isso realizamos eventos como o Conbrau, reunindo os melhores cientistas em áreas úmidas do mundo, para debater e apresentar seus trabalhos para a comunidade e os tomadores de decisão. É o que temos feito até agora e esperamos que todas estas informações contribuam para que o pantanal, pela sua importância, continue com o título de reserva da biosfera mundial”, completou Paulo Teixeira.

Fonte: Tania Rauber – Gazeta Digital

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