Adulto fêmea de O. germari (Foto: Vitor Nardino)

O projeto “Conhecimento da biodiversidade na Amazônia Meridional: Informações integradas para subsidiar planos de conservação e o uso sustentável” coletou e analisou 63 exemplares adultos da espécie Onchoscelis germari. Este gorgulho é associado negativamente à planta Simarouba amara, conhecida como Caixeta, Pau-Paraíba ou Marupá. O  objetivo da pesquisa – que resultou em um artigo publicado por Marliton Rocha Barreto e Germano Henrique Rosado-Neto em 2012 – era identificar diferenças entre os machos e as fêmeas de O. germari, contribuindo para o controle desses insetos-pragas.

A danificação da Caixeta pela ação deste gorgulho em área de reflorestamento experimental na Fazenda São Nicolau em Cotriguaçu foi documentada pela primeira vez em paper redigido por Otávio Peres Filho, Alberto Dorval, Rogério Goularte Moura e Evoneo Berti Filho. A árvore em questão pode atingir 40 metros de altura e a sua madeira, produto de exportação, é utilizada na fabricação de móveis, carpintaria, instrumentos musicais e molduras. Além disso, as folhas e cascas da espécie possuem propriedades medicinais, aproveitadas pelos indígenas.

Na São Nicolau, o plantio da caixeta visa o sequestro de carbono. Contudo, o estudo sobre a primeira ocorrência de O. germari em 2004, em área de reflorestamento, revela o impacto negativo da praga nas árvores. A pesquisa liderada por Peres Filho indicou a média de ataque de 14% às quase 14 mil árvores analisadas. Considerando a frequência da investida do gorgulho, verificou-se a preferência por troncos de 25 a 31 cm de circunferência. Uma vez que não existem produtos adequados para a proteção das árvores nesta situação, estudos sobre O. germari são relevantes para proporcionar o controle biológico.

A pesquisa de Barreto e Rosado-Neto se insere na demanda de compreender melhor essa espécie de gorgulho. Os espécimes foram coletados na fazenda em Cotriguaçu e analisados no laboratório de Entomologia no campus de Sinop da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Alguns elementos do dimorfismo sexual da espécie em questão se referem a características do rostro, da antena, do sulco esternal e da seção abdominal. Os exemplares analisados foram depositados nas coleções de entomologia da Universidade Federal de Mato Grosso, em Sinop (MT), e do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, denominada “Pe. Jesus S. Moure”.

Referências bibliográficas:

Barreto, M. R., & Rosado-Neto, G. H. (2012). Dimorfismo Sexual de Onchoscelis germari (Boheman)(Coleoptera: Curculionidae). EntomoBrasilis, 5(3), 242-245.

Peres Filho, Otávio; Dorval, Alberto; Moura, Rogério Goularte & Berti Filho, Evoneo. Primeiro registro de ocorrência de Onchoscelis germari Boheman, 1837 (Coleoptera, Curculionidae) em caixeta, Simarouba amara Aubl. (Simaroubaceae), no Brasil. In: Revista de Agricultura, dez. 2006, p. 229 – 232.