20

set

2016

Registrada pela primeira vez em Mato Grosso, a perereca Phyllomedusa boliviana foi encontrada em região impactada pelo desmatamento

Por forest
Indivíduo de Phyllomedusa boliviana observado em Mato Grosso expande a área de distribuição da espécie (Fonte: Domingos Rodrigues)

Indivíduo de Phyllomedusa boliviana observado em Mato Grosso expande a área de distribuição da espécie (Fonte: Domingos Rodrigues)

 

A anotação científica foi realizada na fazenda Boa Vista no município de Poxoréu, MT. A descoberta resultou no aumento da área de distribuição do referido anfíbio. A expansão do território conhecido para a Phyllomedusa camba também foi verificada a partir de observações na Fazenda São Nicolau (Cotriguaçu-MT). Ambas as espécies pertencem ao “grupo” Phyllomedusa tarsius, caracterizado por anfíbios arborícolas encontrados na América do Sul. Os espécimes foram encontrados em regiões degradadas devido a práticas agrícolas – como o uso de queimadas nos manejos rurais – e o desmatamento. Ainda que as espécies registradas não estejam ameaçadas, o monitoramento destes anfíbios se torna relevante para verificar as alterações sofridas no habitat e contribuir para práticas de conservação ambiental. As anotações, divulgadas em artigo científico, foram realizadas por grupo de pesquisadores liderado pelo biólogo e doutor em Ecologia Domingos Rodrigues, integrante do Comitê Científico do projeto Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF.

A P. boliviana e a P. camba possuem hábitos muito semelhantes, como depositar seus ovos em folhas na superfície d’água. A umidade favorece o desenvolvimento dos embriões e, ao eclodir dos ovos, os girinos caem diretamente na água. Observações sobre o comportamento reprodutivo destas espécies foram possíveis no momento dos registros em Mato Grosso, pois os indivíduos foram encontrados em amplexo. Esta é uma posição similar à cópula, quando o macho se coloca no dorso da fêmea como se estivessem se “abraçando”.  Os cientistas notaram ainda semelhanças no “canto nupcial” destes anfíbios: os machos analisados iniciaram o coaxar no período do pôr do sol até o meio da noite. Contudo, o coaxar para fins de reprodução da espécie P. camba ocorreu nos meses de dezembro a abril e o da P. boliviana, de novembro a fevereiro.

As espécies em questão são confundidas com frequência devido a características anatômicas que compartilham, como por exemplo, uma íris muito escura. Entretanto, algumas diferenças físicas também são visíveis. A P. boliviana possui uma linha definida de tonalidade rosa-creme em seu corpo, extremidade das pálpebras de cor amarelo-creme ou amarelo avermelhado e uma membrana reticulada. Por outro lado, a P. camba tem manchas brancas irregulares da barriga ao dorso, extremidade das pálpebras amarelas e membrana ocular transparente.

Os novos registros das espécies em questão significaram a ampliação de sua área de distribuição. O indivíduo pertencente à P. boliviana foi encontrado a cerca de 1400 km de Chulumani, na Bolívia, localização típica deste anfíbio. Já a distribuição da P. camba alcançou um território a 790 km de seu local típico, Puerto Almacén, também na Bolívia. Os espécimes relatados na pesquisa foram depositados no Acervo Biológico da Amazônia Meridional da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

 

Referência bibliográfica:

Rodrigues, D. J., da Costa Noronha, J., de Morais Lima, M., & Rosa, A. C. (2011). Amphibia, Anura, Hylidae, Phyllomedusa boliviana Boulenger, 1902 and Phyllomedusa camba De la Riva, 2000: Distribution extension in central Brazil. Check List, 7(4).

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