11

jan

2017

Predição de carbono na Amazônia brasileira

Por forest

O solo da Amazônia brasileira deve sofrer a perda de 4,2 bilhões de carbono de 1990 até 2030, se as atividades agropecuárias não adotarem modelos sustentáveis

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Vista aérea da Amazônia brasileira (Foto: lubasi/ Wikimedia Commons/ Creative Commons/ https://goo.gl/smdn0s)

 

A estimativa é do artigo publicado em 2007 e liderado pelo Dr. Martial Bernoux, membro do Comitê Científico e Técnico do projeto Poço de Carbono Florestal PEUGEOT-ONF e diretor de pesquisa no Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), na França. Os estudiosos realizaram um esforço para prever o estoque de carbono na região entre 2000 e 2030. Apesar de não existir muito conhecimento sobre a influência dos usos e formas de ocupações do solo no estoque de carbono na Amazônia brasileira, as informações são relevantes para avaliar a sustentabilidade das práticas agrícolas que estão substituindo a floresta nativa.

As florestas tropicais, que funcionam como poços carbono, são importantes para o ciclo do carbono. Porém, o aquecimento global provocado somente pelo desmatamento destas florestas gera prejuízos estimados em 1,4 a 10,3 bilhões de dólares por ano. O desmatamento da Amazônia brasileira, por exemplo, atingiu 14% da região, uma área maior do que a França. A principal causa da degradação da floresta é a criação de gado, sendo que, de 1966 a 1975, 38% do desmatamento foi causado pela pecuária extensiva, segundo dados do governo.

O plantio de soja também se tornou um dos principais fatores do desmatamento, com o Brasil quase ultrapassando os Estados Unidos como exportador mundial deste grão. A previsão é de que, em 2030, 70% das áreas limpas serão usadas para a plantação de soja.

Considerando este cenário para a análise, os pesquisadores coletaram material sobre as taxas de desmatamento das três últimas décadas. Eles reuniram dados do Censo e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para os usos do solo entre 1940 e 2000, como também projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para os usos do solo entre 2015 e 2030. Por fim, levantaram informações sobre práticas boas e impactantes para o meio ambiente – comparando o manejo com o pasto degradado e o sistema convencional de plantação de soja com o sistema de plantio direto.

A pesquisa optou pelo método fundamentado no sistema de medição de estoques e alterações do carbono orgânico do solo do Fundo Mundial para o Ambiente (GEFSOC). Este sistema foi criado com o objetivo de apoiar o trabalho de cientistas, gestores de recursos naturais e analistas de políticas públicas a mensurar o carbono estocado no solo, permitindo a análise do potencial do sequestro de carbono em diferentes áreas. O GEFSOC utiliza modelos mundialmente reconhecidos, como aquele do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) das Nações Unidas.

Como resultado, os pesquisadores apresentam mapas e gráficos sobre a situação atual, de 1990 a 2000, do estoque e das taxas de alteração do carbono e uma projeção futura para o período entre 2015 e 2030. As estimativas compreenderam o carbono presente na biomassa da vegetação nativa, pastos e plantio de soja. Os dados identificaram a diminuição do estoque de carbono com a queda de 7% na comparação do cenário de 1990 com a projeção de 2030. Isso significa que a concretização da taxa de desmatamento prevista para 2030 será responsável pela perda de 4,2 quadrilhões de gramas de carbono somente no solo da Amazônia brasileira – o dado não contabiliza, por exemplo, o carbono estocado na vegetação acima do solo e nas raízes.

As informações apresentadas pela análise auxiliam no entendimento dos ciclos biológicos, geográficos e químicos da fertilidade do solo. Dessa maneira, os resultados contribuem para a definição de estratégias que diminuam as perdas de carbono, aprimorando o manejo sustentável da Amazônia e diminuindo o desmatamento da região. Contudo, os pesquisadores apontam a necessidade de coleta de mais dados e de cruzamentos com as análises a partir de imagens de satélite, mapas e sistemas de referenciamento geográfico.

 

Referências Bibliográficas:
Cerri, C.E.P., Easter, M., Paustian, K., Killian, K., Coleman, K., Bernoux, M., Falloon, P., Powlson, D.S., Batjes, N.H., Milne, E., Cerri, C.C. (2007, February). Predicted soil organic carbon stocks and changes in the Brazilian Amazon between 2000 and 2030. In Agriculture, Ecosystems and Environment, 122 (2007) 58–72.

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