Encontro ocorreu nesta quinta-feira (01.09), no Palácio Paiaguás; secretário executivo André Baby participou das discussões (Junior Silgueiro/Gcom)

Encontro ocorreu nesta quinta-feira (01.09), no Palácio Paiaguás; secretário executivo André Baby participou das discussões (Foto: Junior Silgueiro/Gcom)

 

Membros da Comissão Estadual do Zoneamento Socioeconômico Ecológico (CEZSEE) se reuniram para avaliar a proposta de revisão do ZSSE em Mato Grosso. O encontro ocorreu na tarde desta quinta-feira (01.09), no Palácio Paiaguás, e marcou a retomada do projeto no estado, após quase cinco anos desde a suspensão dos efeitos da Lei n° 9.523/2011.

Em 2008 o Governo do Estado apresentou uma minuta de Lei à Assembleia Legislativa (ALMT), que tratava do planejamento e ordenamento territorial do estado, tendo o zoneamento como o principal instrumento. Após três anos de discussões e audiências públicas, a Casa de Leis aprovou um substitutivo total ao zoneamento apresentado pelo Executivo Estadual, a Lei nº 9.523/2011. O Ministério Público Estadual (MPE), entendendo que a Assembleia não poderia promover tais alterações, deu entrada em uma ação civil pública e a Justiça determinou a suspensão dos efeitos da Lei no que concerne ao zoneamento.

O Zoneamento Socioeconômico Ecológico consiste em um instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas. Estabelece, ainda, medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

O debate da estratégia de revisão do documento foi realizado entre os representantes da Comissão, da qual fazem parte 10 Secretarias do Executivo Estadual, membros do Governo Federal, de universidades públicas, dos municípios locais, das comunidades indígenas e tradicionais, Organizações Não Governamentais (ONGs) e setor produtivo. A Comissão foi instituída em 31 de março deste ano pelo governador Pedro Taques, por meio do Decreto N° 469/2016.

De acordo com a assessora especial do Gabinete de Assuntos Estratégicos (GAE), Elaine Corsini, a proposição do Governo para a condução do processo de revisão do zoneamento foi recebida de forma positiva pelos integrantes da Comissão e deve continuar a seguir o caminho e as etapas apresentadas durante a reunião.

“Foram sugeridas inclusões de temas e legislações ao processo que à época das atualizações não haviam sido criadas, mas que são importantes e devem ser levados em consideração nesse novo momento de definição das diretrizes, como, por exemplo, as mudanças climáticas, o potencial energético e a gestão territorial e ambiental das terras indígenas no Estado”, comenta Corsini.

A Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan-MT), representada pelo secretário Gustavo de Oliveira, é o órgão responsável pela política de planejamento e ordenamento territorial de Mato Grosso. Na pasta, a competência de executar o trabalho cabe à Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos, Geográficos e de Indicadores, gerida pelo secretário adjunto Reinhard Ramminger.

O Código Florestal brasileiro (Lei 12.651 de 2012) determina que os estados devem elaborar o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) no prazo de cinco anos após sua promulgação, conforme salientou Ramminger durante o encontro. Outra condicionante legal do ZEE é tratada na Lei Federal n° 11.952/2009, que dispõe sobre a regularização fundiária na Amazônia Legal, e proíbe os estados que não possuem zoneamento aprovado por Lei Estadual de firmar novos convênios com a União.

Para Gustavo de Oliveira, o assunto é complexo, mas o momento pede que o foco se mantenha na pauta futura. “Nosso ponto de partida começa hoje e as consequências para o Estado de não ter o zoneamento aprovado até o ano que vem são graves. Antes de encaminhar o projeto será feito um amplo debate. O trabalho será intenso, visto que o desafio é proporcional e deve ser concluído até 25 de maio de 2017”, ressaltou o secretário de Estado de Planejamento.

Na avaliação do secretário executivo da Sema, André Baby, a retomada da discussão do zoneamento é importantíssima para o momento atual em que o Governo do Estado está construindo uma política de desenvolvimento sustentável. “Através de mapeamentos vamos trazer a este estudo a importância dos corredores ecológicos, mostrando onde é possível produzir, em que lugar e ambiente, quais áreas são frágeis, quais têm potencial de conservação e produção.”

As estruturas do Estado que compõem a Comissão são: Seplan, GAE, Meio Ambiente (Sema), Desenvolvimento Econômico (Sedec), Trabalho e Assistência Social (Setas), Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf), Educação, Esporte e Lazer (Seduc), Saúde (SES), Cidades (Secid), Gabinete de Desenvolvimento Regional (GDR) e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

Na lista dos membros convidados estão: Governo Federal (UFMT); Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas(Inau); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Fundação Nacional do Índio (Funai); Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT); Omicrikanas; Associação Indígena Irikixi Pitukwa; Instituto Centro de Vida (ICV); Instituto Socioambiental (ISA); Associação Xaraiés; Operação Amazônia Nativa (Opan); Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt); Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato (Cipem); Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato); Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea); Centro de Tecnologia Alternativa (CTA); Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase); Associação Sociocultural e Ambiental Fé e Vida; Instituto de Pesquisa e Educação Ambiental (Instituto Gaia) e Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).

Fonte: Nayara Takahara (GAE-MT)

Foto: Pixabay/ Domínio Público

Foto: Pixabay/ Domínio Público

 

O próximo ano será crucial para finalizar os mecanismos de implementação do Código Florestal: esse é o compromisso assumido pelo governo federal sobre os quatro anos da reforma da lei durante debate realizado hoje na Câmara dos Deputados, em Brasília.

“Foi com pesar que prorroguei o prazo de registro no CAR (Cadastro Ambiental Rural) por mais um ano, por causa de problemas técnicos não previstos”, disse o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. A prorrogação foi feita por meio de um decreto presidencial em junho, após os dois anos do prazo previsto originalmente no código para os produtores rurais entrarem no sistema nacional.

“Mas não haverá uma nova prorrogação. Isso é um compromisso meu. Nós vamos consolidar esse cadastro em dez meses”, afirmou o ministro. Sarney Filho ainda se comprometeu a retomar um grupo de trabalho que reúna diferentes atores da sociedade civil para juntos discutirem a implantação da lei – o grupo foi criado em 2013 no Ministério do Meio Ambiente, mas apenas poucas reuniões foram chamadas apenas naquele ano.

A Lei 12.651 completou quatro anos em maio, em meio a avanços – especialmente em relação ao CAR, que hoje conta com 3,6 milhões de propriedades rurais – e críticas: ferramentas previstas para incentivar a restauração de passivos florestais em áreas privadas andaram em passos mais lentos, em alguns casos pouco caminharam.

A prorrogação não-prevista dá uma sinalização negativa àqueles que cumpriram o prazo inicial, assim como para o mercado. Segundo estudo realizado pelo IPAM, cerca de 70% das empresas compradoras de commodities exigem o CAR de seus fornecedores.

“O desafio é que, em no máximo um ano, o Código Florestal seja um instrumento útil e efetivo de gestão pública, e para a sociedade como um elemento de sustentabilidade na agricultura, pecuária e conservação ambiental”, destacou o secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, André Lima.

Desafios
Um dos pontos críticos é a validação dos cadastros, que é autodeclaratório. É preciso verificar se não há sobreposição com áreas protegidas e duplicação de título – só no Mato Grosso, 38% dos seus cadastros apresentam algum problema desse tipo. A validação é essencial para que esses proprietários possam entrar a programas de recuperação ambiental (PRA) caso tenham desmatado além do permitido.

Outro são ferramentas econômicas, como as cotas de reserva ambiental (CRA), cuja minuta é discutida pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente há dois anos, sem data ainda para publicação. “Essas ferramentas são essenciais para a implementação do Código Florestal, porque hoje o proprietário não tem incentivo nenhum para preservar”, diz a diretora de políticas públicas do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Andrea Azevedo.

A transparência da base de dados do CAR, atualmente na mão do Serviço Ambiental Brasileiro, também precisa avançar. Os Estados, por exemplo, pedem o código-fonte para cruzar as informações com suas próprias bases de dado, a fim de aprimorar sua implantação. A sociedade civil, incluindo o Observatório do Código Florestal, pede transparência para monitoramento.

“Pode haver uma posição política não favorável à transparência em alguns setores, mas muitos produtores querem que essa questão avance, para que possam sair da sombra da ilegalidade. Além disso, as empresas precisam dessas informações para se certificar que tiraram o desmatamento ilegal de sua cadeia de produção”, explica Azevedo.

O evento foi promovido pelo Observatório do Código Florestal e pela Frente Parlamentar Ambientalista, com apoio do Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal. Com foco em cerrado, o debate também contou com a presença do secretário-adjunto de Meio Ambiente de Mato Grosso, André Baby, da secretária de Meio Ambiente de São Paulo, Patrícia Iglecias, e da secretária de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins, Luzimeire Carreira, além de representantes da Bahia, de Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais.

Fonte: IPAM