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Estudantes de Engenharia Florestal da Unemat viajam para a São Nicolau (foto: Unemat)

 

Durante o ano inteiro, a Fazenda recebe pesquisadores, professores, educadores ambientais e alunos. Como resultado, a equipe da ONF Brasil divulga livros, guias, catálogos e artigos dos pesquisadores parceiros. Recentemente, por exemplo, Gustavo Júnior de Araújo do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso publicou no periódico Neotropical Entomology, o primeiro artigo científico com informações da sua tese de doutorado.

O estudo apresenta a investigação sobre como os diferentes tipos de reflorestamentos podem influenciar os padrões populacionais das vespas que constroem seus ninhos nesses novos ambientes.

Outro entusiasta das visitas à São Nicolau é o pesquisador Everton Miranda, mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Ele enxerga a propriedade como um laboratório a céu aberto.

“A fazenda é uma das poucas estações de pesquisa na região do arco do desmatamento, sendo talvez a única com preços atrativos. Além disso, fica convenientemente localizada na MT 208 que está em sua maior parte asfaltada, e pode ser acessada a partir de Alta Floresta em poucas horas de viagem. A fazenda propriamente dita está cercada por tudo que é típico da região do arco do desmatamento: assentamentos do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), áreas de manejo florestal, pecuária e invasões de terra, propiciando assim um laboratório natural para compreender a sociologia da região”, justifica.

A última visita promovida por Everton aconteceu em novembro do ano passado, quando ele levou aproximadamente 30 estudantes de Engenharia Florestal da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) para a Fazenda. Após a atividades, vários estudantes se matricularam novamente nas disciplinas eletivas do Everton para visitarem a Fazenda mais uma vez.

 

Estudantes de Engenharia Florestal da Unemat viajam para a São Nicolau (foto: Unemat)

As trilhas oferecem lições práticas para os alunos (foto: Unemat)

 

De uma forma geral, a visita foi uma lição prática para o grupo, que visitou as trilhas do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) e conheceu os métodos de monitoramento de biodiversidade em grande escala. Nas trilhas, os alunos avistaram diversas espécies de fauna que são raras em outras regiões do Brasil, como o queixada e o macaco-barrigudo.

No período da tarde, as trilhas aconteceram às margens de áreas de restauração florestal, compreendendo Áreas de Proteção Permanentes (APPs), nascentes, e talhões de plantios florestais de diferentes composições. A caminhada passou pela RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Peugeot-ONF Brasil, apresentando um tipo de Unidades de Conservação para a turma.

“Na mesma ocasião, visitamos diversos agregados populacionais de castanheira, uma das espécies de árvores mais emblemáticas da Amazônia, dada sua importância socioambiental. Finalmente, nós praticamos a escalada em árvores em um indivíduo de castanheira de porte excepcional, que foi uma prática que certamente marcou todos os estudantes”, recordou Everton.

A aula de campo tem por objetivo a compreensão prática dos assuntos tratados em aula, considerando os processos ecológicos, sociais e econômicos da realidade local. Para o Everton, essas oportunidades são únicas, pois revelam as delícias e os prazeres do trabalho na maior e mais biodiversa floresta tropical do mundo.

Os planos do Everton são de uma nova visita à São Nicolau em junho com um novo grupo de estudantes das disciplinas de Manejo de Fauna, Manejo de Áreas Silvestres e Manejo de Bacias Hidrográficas. A estrutura da propriedade facilita essas atividades, oferecendo alojamentos espaçosos, refeitórios, internet e auditório para reuniões formais. Além disso, as refeições preparadas pela Alaíde Xavie são elogiadas, bem como as soluções práticas e rápidas do Gilberto Araújo.

“A própria natureza da fazenda oferece um ambiente maravilhoso para o aprendizado de diversas facetas do funcionamento da Amazônia, contando com extensas áreas de floresta primária com trilhas georreferenciadas, fauna diversa e abundante, e áreas de reflorestamento que também são floristicamente variadas. Não há em Mato Grosso, ou mesmo na Amazônia, um equivalente onde se possa ter contato com tantas paisagens de maneira tão prática e conveniente”, conclui Everton.