01

set

2016

O reflorestamento com plantas nativas contribui para recuperar a biodiversidade de cupins, favorecendo a fertilidade do solo

Por forest
Os cupins xilófagos se alimentam da madeira do tronco e da casca das árvores (Foto: Filipe Fortes/ Flickr/ Creative Commons: http://goo.gl/RyU7bd)

Os cupins xilófagos se alimentam da madeira do tronco e da casca das árvores (Foto: Filipe Fortes/ Flickr/ Creative Commons: http://goo.gl/RyU7bd)

 

O grupo de estudiosos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de East Anglia (no Reino Unido) realizou pesquisa na Fazenda São Nicolau em Cotriguaçu (MT) para determinar se as colônias de cupins seriam afetadas pelas espécies escolhidas para o reflorestamento. A hipótese inicial era de que a espécie nativa da figueira (Ficus sp) seria mais eficiente para restaurar o ecossistema e a biodiversidade de cupins, em comparação à exótica teca (Tectona grandis). Os resultados foram publicados ano passado no periódico internacional “Agroforest Systems” e trabalho similar constituiu a dissertação do pesquisador Reniel Chaves de Paula, orientado pelo professor Thiago Junqueira Izzo, no Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da UFMT.

Segundo os autores, a avaliação da restauração da biodiversidade não deve se limitar à quantidade de espécies recuperadas, mas considerar as funções biológicas e os serviços ambientais ofertados. Por exemplo, os cupins se alimentam de matéria orgânica decomposta, liberando nitrogênio para as plantas e tornando o solo mais rico em nutrientes. Contudo, apesar do serviço prestado pelos cupins, de sua abundância em ambientes tropicais terrestres e de serem bons bioindicadores da perturbação ambiental, esses animais são poucos estudados.

As colônias de cupins podem ser divididas de acordo com as funções desempenhadas. Os geófagos se alimentam de material orgânico altamente decomposto e costumam aparecer em maior quantidade nos ambientes mais preservados. Os xilófagos consomem madeira – como cascas e troncos de árvores. As espécies intermediárias se nutrem da madeira – raízes, cascas e galhos – decomposta em camadas de transição do solo. Por fim, há as espécies que se sustentam com o lixo e folhas na superfície do solo.

Na São Nicolau, os cupins foram coletados em áreas de reflorestamento e também em regiões de controle, listadas como pastos ativos, pastos abandonados (floresta secundária ou regenerada) e floresta nativa. O território de reflorestamento foi diferenciado de acordo com a espécie: a figueira e a teca. Ambas as árvores possuem potencial de produção de madeira, porém a teca é mais comumente utilizada em reflorestamento – a partir de um padrão de monocultura. A coleta dos cupins ocorreu no período da manhã (entre 6h e 8h) no início da estação de chuva, nos meses de novembro e dezembro, em 2011. Os pesquisadores recolheram os cupins em pontos próximos (10 m) e distantes (300 m) entre si.

No total, foram 50 espécies coletadas, ocorrendo a predominância da subfamília Apicotermitinae. A maioria dos cupins eram geófagos (25 espécies). Os xilófagos representaram 12 espécies, os que se alimentam de grama e lixo completaram 7 espécies e os intermediários computaram 6 espécies.

A riqueza e a abundância de cupins foram maiores na região de floresta madura – intermediárias nas áreas de reflorestamento e baixas na floresta secundária e de pastagens. A densidade de indivíduos nas amostras, no entanto, não foi diferente para as regiões de floresta madura e do reflorestamento com figueiras. O fato sugere que a figueira (Ficus) foi a planta mais bem-sucedida para se restaurar a biodiversidade de cupins, talvez por se tratar de uma espécie nativa, enquanto a Teca é uma árvore de origem asiática. A fauna tende a ter relações mais estreitas com a flora nativa provavelmente por essa última suprir de maneira melhor os requisitos da primeira.

Ou seja, o reflorestamento colaborou no restabelecimento da diversidade das colônias de cupins melhor do que as áreas abandonadas ou os pastos testemunhos – resquícios de pastagens mantidas como memória do antigo uso do solo. Em especial, a recuperação dos geófagos se destacou devido ao serviço ambiental exercido pelo animal com a liberação do nitrogênio, que torna o solo mais fértil para a sucessão de novas plantas.

 

Referência bibliográfica:

Paula, R. C., Silveira, R. D. M. L., da Rocha, M. M., & Izzo, T. J. (2015). The restoration of termite diversity in different reforestated forests. Agroforestry Systems, 1-10.

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Fazenda São Nicolau, Cotriguaçu - MT

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