06

set

2016

Pesquisa de melhoramento genético demonstra que Castanheira-rosa (castanha-do-Brasil) apresenta melhor desempenho em sementes e frutos

Por forest
As sementes e os ouriços da castanha-do-Brasil (Foto: P. S. Sena/ Wikimedia Commons/ Creative Commons: http://goo.gl/QuP51k)

As sementes e os ouriços da castanha-do-Brasil (Foto: P. S. Sena/ Wikimedia Commons/ Creative Commons: http://goo.gl/QuP51k)

 

A espécie de árvore Bertholletia excelsa, conhecida popularmente como castanha-do-Brasil, foi objeto de estudo para medir os ganhos genéticos relacionados às sementes e frutos (ou ouriços). A análise foi realizada com três linhagens da referida castanheira – rosa, rajada e mirim – na Fazenda São Nicolau em Cotriguaçu (MT), na região amazônica. O artigo publicado no periódico Acta Amazônica com os detalhes do experimento é assinado por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP).

As florestas mais densas da Bertholletia excelsa ocorrem no Brasil. Contudo, a espécie também é encontrada na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Guiana. As castanhas são utilizadas na alimentação, no artesanato, em cosméticos e na medicina. A árvore possui polinização cruzada. Isto é, existe um agente polinizador que possibilita a frutificação. Contudo, o desmatamento é responsável pela destruição do habitat do inseto polinizador, significando uma queda na produção de castanhas. A legislação brasileira proíbe a derrubada dessa espécie, que muitas vezes permanece de pé em meio a pastos recém-formados. Infelizmente o isolamento altera as condições microclimáticas e de umidade na proximidade do caule e da copa, fenômeno que dificulta a sobrevivência da planta e torna as condições dos arredores extremamente difíceis para o trânsito dos polinizadores. Cedo ou tarde, aquela árvore deixa de participar da reprodução de sua população. Esses desafios para a conservação da castanheira – associados às atividades extrativistas – indicam a necessidade de pesquisas que contribuam para o melhoramento da espécie.

Os pesquisadores coletaram ouriços de 90 árvores, compreendendo a mesma quantidade para os diferentes tipos da castanheira: rosa (com frutos maiores), rajada (com frutos médios) e mirim (com frutos menores). O objetivo da análise foi avaliar os ganhos genéticos para o peso dos ouriços e o das sementes, como também para o número de sementes por fruto. A melhoria na quantidade de sementes se destacou, revelando a possibilidade de controle desta característica em futuros cruzamentos.

A castanheira-rosa obteve o melhor desempenho e os estudiosos recomendam a escolha desta matriz para outras atividades de aprimoramento genético e para a produção de árvores híbridas – que apresentem as qualidades consideradas desejáveis. Portanto, existe também a demanda por trabalhos taxonômicos para classificar as variedades da Bertholletia excelsa. As pesquisas que buscam ganhos genéticos, aliadas ao manejo florestal, podem contribuir para a conservação ambiental e uma prática extrativista sustentável.

A ONF Brasil convida anualmente os coletores de castanha-do-Brasil à Fazenda São Nicolau. A coleta das castanhas é realizada de forma sustentável na região de floresta nativa. A comunidade local do município de Cotriguaçu, da colônia de Vale Verde e do Projeto de Assentamento Juruena participam da ação. Uma vez que as castanhas são colhidas e secadas na fazenda, os intermediários são eliminados do processo e o preço da venda do produto é mais vantajoso. O objetivo da ONF Brasil é evitar o desmatamento e apoiar iniciativas que resultem em alternativas econômicas para a população local. Dessa maneira, os recursos gerados com a comercialização das castanhas se destina principalmente aos coletores locais.

 

Referência bibliográfica:

Camargo, F. F., Costa, R. D., Resende, M. D., Roa, R. A. R., Rodrigues, N. B., Santos, L. D., & Freitas, A. D. (2010). Variabilidade genética para caracteres morfométricos de matrizes de castanha-do-brasil da Amazônia Mato-grossense. Acta Amazônica, 40(4), 705-710.

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