08

dez

2016

Quinze novas espécies de escaravelho, os chamados “rola-bosta”, são descritas após revisão do gênero Deltochilum

Por forest
deltochilum

A Deltochilum schefflerorum foi classificada a partir de espécime coletado na Fazenda São Nicolau (Foto: Coleção Zoológica da UFMT).

Entre as espécies inéditas, encontra-se o Deltochilum schefflerorum, cujo holótipo – indivíduo utilizado para a descrição original – foi registrado na Fazenda São Nicolau em Cotriguaçu, Mato Grosso. O Deltochilum abrange o subgênero Aganhyboma, identificado em 1893, compreendendo besouros das Américas do Sul e Central. Em 1938, reconheceu-se a proximidade entre o Aganhyboma e o grupo “valgum”. Um artigo, publicado em 2015, realizou o esforço de revisão do Deltochilum, incluindo o grupo “valgum” dentro do mencionado subgênero. A publicação é de autoria de Fernando A. B. Silva (Universidade Federal do Pará), Júlio Louzada (Universidade Federal de Lavras) e Fernando Vaz-de-Mello (Museu de História Natural da França).

Os escaravelhos também são conhecidos como “rola-bosta” devido à prática reprodutiva das fêmeas de algumas espécies. Elas formam uma bola de fezes e barro, empurrando o material por centenas de metros até enterrá-lo no solo. Depositam, então, seus ovos sobre a bola, que servirá de alimento para a prole. Estes besouros são essenciais para a redistribuição de nutrientes do solo e a dispersão de sementes, uma vez que a matéria adere às bolas de fezes. Dessa maneira, os escaravelhos promovem a recuperação de áreas degradadas e colaboram com a manutenção da riqueza de espécies da flora e da fauna.

O estudo sobre os escaravelhos analisou 306 espécimes adultos do Aganhyboma e do grupo “valgum”. Os registros foram obtidos em coleções públicas e privadas, como a Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato Grosso, acervo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e arquivos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Os autores oferecem uma extensa chave para identificação das características do Aganhyboma. Alguns exemplos das qualidades do subgênero são as superfícies convexas das porções laterais e dorsais, a cor do corpo preto-azulado ou violáceo e olhos arredondados ou em formato de vírgula se visto a partir do dorso.

O D. schefflerorum recebeu o nome em homenagem a Pamela Scheffler e Timothy Scheffler, que coletaram parte dos espécimes utilizados para a descrição. De acordo com o material disponível, inclusive o indivíduo da São Nicolau, estabeleceu-se a Floresta Amazônica como habitat desta espécie. A cabeça, parte do tronco, as asas e o ventre recebem a cor preta ou castanho escuro – com um brilho sedoso. A média do comprimento do corpo do escaravelho é de 12 a 13.5 mm.

Os pesquisadores identificaram dois grupos do Aganhyboma: “trisignatum” e “valgum”. As espécies do “trisignatum” são aquelas tipicamente pertencentes ao referido subgênero. As três novas espécies descritas para o “trisignatum” são: D. amandaarcanjoae, D. viridicatum e D. titovidaurrei. Por fim, as dozes novas espécies do “valgum” são: D. schefflerorum, D. streblopodum, D. feeri, D. larseni, D. arturoi, D. finestriatum, D. cangalha, D. alpercata, D. ritamourae, D. kolleri, D. paresi e D. subrubrum.

Referência Bibliográfica:
Silva, F. A., Louzada, J., & Vaz-De-Mello, F. (2015). A revision of the Deltochilum subgenus ganhyboma Kolbe, 1893 (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae). Zootaxa, 3925(4), 451-504.

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