29
nov
2018
Os avistamentos ocorreram durante as trilhas realizada com crianças de 11 a 12 anos perto da pedreira e do rio Juruena. Alguns bichos se revelaram mais amigáveis e chegaram bem perto dos participantes, como foi o caso de um grupo grande de macacos barrigudos. Outros se mostraram mais reservados. Dos porcos dos matos, por exemplo, foram encontrados apenas os rastros e, da jaguatirica, uma pegada. Outra surpresa agradável foi o ninho de jacutinga e, logo depois, a fêmea foi avistada bem próxima. Outros animais que fizeram a alegria da criançada foram os mutuns comendo jambos do mato, um jacaré e um jabuti na prainha, além de dois ovos de curiango. Os encontros com os bichos aconteceram durante a edição de 2018 do Programação Programa de Educação Ambiental.
A experiência das trilhas em meio à mata serviu para ilustrar como a natureza trabalha de maneira inteligente. Para os participantes, é mais fácil entender o processo de dispersão das sementes quando veem a cutia e a anta embaixo das árvores de castanheira e de jatobá respectivamente, cujas sementes ajudam a carregar para mais longe. As interconexões naturais ficaram ainda mais evidentes ao encontrar um grupo de pesquisadores no meio da trilha instalando armadilhas para coletar besouros. As crianças tiveram o privilégio de receber uma aula, em meio à mata, sobre esses besouros que executam tarefas vitais no ecossistema, por exemplo na ciclagem dos nutrientes e na qualidade do solo. Mas não ficaram muito contentes de saber que os bichos na armadilha não estavam mais vivos. Muitos estudos sobre besouros foram realizados na Fazenda e levaram ao descobrimento e descrição de várias novas espécies, enriquecendo assim o conhecimento cientifico sobre a biodiversidade.
Após a trilha, o grupo assistiu ao episódio Florestas Tropicais da série “A Natureza Sabe Tudo”. A animação relembrou e explicou para as crianças alguns conceitos percebidos na trilha, como ciclagem de nutrientes, o papel das formigas, o ciclo das chuvas e os saberes tradicionais indígenas.
O tema principal das atividades da edição 2018 do Programa de Educação Ambiental foi “Bens Comuns”, valorizando o conceito da ecologia sobre interrelações entre os seres. Os intercâmbios entre os participantes foram essenciais para promover essa ideia, como a troca de experiências na Terra Indígena (TI) Escondido. A equipe de educadores ambientais da ONFB, com estagiários e pesquisadores da Fazenda São Nicolau, visitou a TI para conhecer os costumes da etnia e conversaram sobre a possibilidade da implantação de café nos sistemas agroflorestais dos indígenas.
As educadoras Micheli e Lotus (Companhia Alegris brinquedos e brincadeiras) apresentaram para os indígenas a peça teatral A Benzeção da Terra sobre saberes locais, lendas e agricultura sustentável. Em retribuição, os indígenas fizeram uma representação de um ser da floresta, geralmente reservada para momentos particulares na aldeia. Os visitantes também conheceram o sistema ancestral produtivo da TI, vendo muita produção de banana, mandioca, cará e batata doce.
Enquanto aguardavam pelo preparo da refeição, os visitantes praticaram o uso do arco e flecha, admirando a pontaria dos Rikbaktsa. A participante Michele Sierra colocou em prosa a experiência “o plantio integra: Homem, mulher, natureza, criança e bicho. Tem pra todos. É pra todos.”
Voltando às iniciativas da Fazenda São Nicolau, os atrativos deste ano foram o sistema de compostagem, o biofiltro e os sistemas agroflorestais. Particularmente, o biofiltro despertou o interesse dos participantes. Após explicações teóricas, a equipe mostrou a ferramenta em plena atividade. Além de ser um sistema que permite o reaproveitamento de água, ele também serve para filtrar parte da água que seria descartada.
O objetivo da demonstração desses sistemas era revelar como atividades simples podem ser replicadas com facilidade nas proximidades de onde os participantes moram, por exemplo a destinação adequada de resíduos e a produção de hortas orgânicas.
Por fim, a dinâmica das Gerações da Ilha se mostrou uma atividade lúdica bem didática. Nessa atividade, os participantes são divididos em três grupos de tamanhos variados (o último sendo o maior). Em momentos diferentes, os grupos são convidados a recolher recursos disponíveis na “ilha”, um espaço na Fazenda que previamente recebeu quantidade limitada de água, alimentação, sementes, ferramentas e lixo. O terceiro grupo, que ficou por último, não teve acesso a recursos essenciais e se viu frente ao desafio de enfrentar montantes grandes de lixo. A dinâmica fez um paralelo com a maneira como as diferentes gerações têm utilizado os recursos naturais da Terra, impactando o futuro.
Neste ano, os colaboradores da ONF Brasil participaram da programação e, em especial, se sensibilizaram com a dinâmica das Gerações da Ilha, compreendendo de forma mais contundente a necessidade de conservação e se percebendo como parte do processo. No primeiro dia do programa, parte dos funcionários da Fazenda São Nicolau saíram das suas funções diárias e conheceram as atividades. Foi a ocasião para a cozinheira Alaíde Xavier, que trabalha na fazenda há 16 anos de sair da função de nutrir na cozinha para entender o entorno.
No decorrer do programa, três colaboradores fizeram explicações para os cerca de 380 visitantes sobre os trabalhos que realizam na Fazenda: o Seu Antônio Lúcio de Oliveira e o Francisco de Assis Nunes no viveiro de mudas de espécies nativas utilizadas para restauração de APPs e o seu Maurício Alves Fonseca na roça agroflorestal que produz parte dos alimentos usados pela Alaíde e que terminam nos pratos dos trabalhadores e visitantes. Os benefícios da educação ambiental são inúmeros: as crianças aprendem sobre os animais, a floresta e sua importância para todos, os participantes veem em prática soluções sustentáveis simples, a equipe da ONF Brasil e os Rikbaktsa se reconhecem e se aproximam como parceiros e os colaboradores da São Nicolau se emocionam com a oportunidade de poder participar de um programa que são responsáveis por fazer acontecer.
Todos agradecem à equipe de educadores composta de Lótus Reuben, Micheli Sierra, Veridiana Vieira Saulo Thomas, que já se mobilizam na organização e coordenação dos programas de educação ambiental da ONFB há vários anos, e à SMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura) da Prefeitura de Cotriguaçu que disponibiliza os ônibus e garante que os alunos do máximo de escolas do Município possam participar.
ONF Brasil
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