06

maio

2019

A SEMA-MT se reúne com extrativistas e a sociedade civil com a intenção de coletar contribuições para regulamentar o manejo florestal de produtos não madeireiros

Por forest
Coletores de castanha, gestores públicos, técnicos e sociedade acadêmica participaram da formação (Foto: Vanessa Correa)

Coletores de castanha, gestores públicos, técnicos e sociedade acadêmica participaram da formação (Foto: Vanessa Correa)

 

A ONF Brasil participou da troca de informações que aconteceu durante o curso “Normas e Procedimentos para o Manejo Florestal Não Madeireiro”, realizado de 27 a 29 de março no Parque Estadual Massairo Okamura em Cuiabá, MT. A iniciativa foi da Coordenadoria de Conservação e Restauração de Ecossistemas (CCRE) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT). Participaram do evento associações de coletores, gestores da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (SEAF), engenheiros florestais, estudantes de graduação e mestrado.

O debate visa construir, de forma participativa, a regulamentação estadual para as atividades extrativistas no estado. Atualmente a inexistência de uma legislação específica significa insegurança para os coletores que já trabalham de forma organizada.

No final de 2017, foram realizadas audiências públicas para promover e ordenar a exploração de castanha-do-brasil, pequi, cumbaru, babaçu, entre outros. A partir de uma demanda antiga da Associação de Coletores de Castanha-do-Brasil do PA Juruena (ACCPAJ), datada de 2015, foi redigida uma minuta à Procuradoria Geral do Estado (PGE), no início do ano passado, solicitando a emissão de um parecer para modificar a Política Florestal de Mato Grosso (Lei nº 233/2005). A proposta é que os extrativistas elaborem, com o auxílio de um engenheiro florestal, um Plano de Manejo Não Madeireiro com a validade de 10 anos. Após uma resposta favorável da PGE, o parecer foi encaminhado à Casa Civil.

Durante o curso no Parque Massairo Okamura, a SEMA-MT atualizou os participantes sobre os trâmites do processo. Segundo Elton Antonio Silveira da Superintendência de Biodiversidade da SEMA-MT, a iniciativa se tornou um aprendizado, pois nunca havia recebido demandas que exigissem alterações legais, inclusive no que se refere à legislação tributária. Elton está a frente do Grupo de Trabalho que elaborou a minuta de lei e recebeu questionamento da Casa Civil sobre a quantia que deixaria de ser arrecadada a partir do momento que os grupos extrativistas ficassem isentos de taxas para protocolar as solicitações relativas aos planos de manejo na SEMA. Além disso, o órgão perguntou como a SEMA-MT solucionaria a perda de arrecadação futura correspondente. Essas informações foram sistematizadas e encaminhadas à Casa Civil.

De uma forma geral, o curso serviu como um intercâmbio entre os diferentes atores envolvidos na cadeia extrativista. A presidente da ACCPAJ, Veridiana Vieira, destacou, durante a sua apresentação no evento, a disposição em submeter, assim que possível, um Plano de Manejo Florestal Sustentável Não Madeireiro (PMFSNM) em parceria com a Fazenda São Nicolau.

Veridiana explicou que a regulamentação é um anseio da associação, gerando benefícios para os associados, proprietários de terras e o Estado. Esse último arrecadaria os impostos devidos pela circulação de mercadorias e poderia manter um controle mais próximo da realidade sobre a quantidade real da produção de castanha no Estado. Hoje os dados oficiais registram valores anuais de castanha próximos a apenas um quarto da quantidade que apenas a ACCPAJ coleta.

A atuação da ACCPAJ também foi relembrada quando o projeto Redes Socioprodutivas foi apresentado pelo Instituto Centro de Vida (ICV). Resultaram dessa parceria o trabalho de mapeamento de castanhais realizado na Floresta São Nicolau. Foram, então, lançados os vídeos sobre a oficina de mapeamento e também sobre a história da ACCPAJ.

Outros destaques da programação foram as palestras do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) – que sugeriu formações sobre extrativismo, agricultura familiar, coleta de sementes e restauro de áreas degradadas –, do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) – com seus canais de comercialização de produtos da sociobiodiversidade –, do engenheiro florestal M. Sc. Alexandre Ebert da CCRE – sobre a importância do Plano de Manejo para a conservação da castanheira Bertholletia excelsa e os serviços ecológicos que ela presta. A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) – apresentou o programa REDD+ for Early Movers (REM), para o qual a ONF Brasil contribui como membro do conselho gestor https://www.cialispascherfr24.com/prix-cialis-generique-en-pharmacie/ pelo Fórum Matogrossense de Mudanças Climáticas e que poderá apoiar o fortalecimento do extrativismo no estado, visto como umas das principais atividades que atribuem valores econômicos e sociais à floresta em pé. As apresentações foram encerradas com uma fala de um auditor sobre a interpretação legal das relações de trabalho entre associação de coletores e proprietários das áreas de coleta.

“O curso foi importantíssimo para que todos os atores que trabalham com produtos não madeireiros continuem se preparando para entrar nesta nova porta que a equipe responsável da Sema está empenhada em abrir, destacando a sua preocupação de facilitar os procedimentos de forma que eles sejam totalmente acessíveis às comunidades”, comentou Saulo Magnani Thomas, engenheiro florestal do Programa de Integração Local da ONF Brasil, que participou das atividades.

A regulamentação da atividade agroextrativista, que deve se iniciar no próximo ano, poderá agregar valor às atividades tradicionais do estado, promovendo benefícios para as comunidades e para a conservação das florestas.

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