22

nov

2016

Plantas colonizadas por formigas liberam estímulos químicos para atrair estes insetos e se protegerem de outros animais herbívoros

Por forest
mutualismo-formigas

Formigas interagem com a mirmecófita Cordia nodosa (Foto: Vojtěch Zavadil/ Wikimedia Commons/ Creative Commons: goo.gl/UFK9YX).

Estudos que procuram entender o mutualismo entre plantas e formigas foram desenvolvidos na Fazenda São Nicolau, Cotriguaçu (MT), pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) com pós-doutorado em biologia, Thiago Junqueira Izzo, e pesquisadores parceiros. O mutualismo é uma relação cooperativa benéfica para as duas espécies envolvidas, quando uma das partes envolvidas oferece um produto ou serviço e recebe uma recompensa em contrapartida. Os benefícios podem ser a defesa contra inimigos e o fornecimento de nutrientes.

A interação entre formigas e plantas, por exemplo, pode se basear na troca de néctar floral pela defesa contra inimigos. A efetividade da proteção pode ser avaliada pelo aumento da capacidade da planta de produzir frutos. Esta lógica foi adotada na análise da relação entre quatro espécies de formigas com a planta mirmecófita – associada com colônias destes insetos – Cordia nodosa. O estudo, publicado no periódico Acta Amazônica, sugere que as espécies de formiga do gênero Allomerus seriam parasitas por estarem castrando as flores da planta. Entretanto, outras espécies, como aquelas do gênero Azteca, também protegem a C. nodosa contra inimigos e ainda colaboram para a manutenção e reprodução das plantas, reforçando a importância do mutualismo do tipo formiga-planta.

Uma estratégia utilizada para estabelecer o mutualismo se baseia na habilidade das formigas de reconhecerem os estímulos químicos liberados por plantas. Outra pesquisa realizada na São Nicolau analisou esta prática em um “jardim de formigas”, um tipo de associação entre formigas e epífitas (plantas com raízes aéreas que sobrevivem em cima de outras plantas) de florestas tropicais.

Nestes jardins, duas ou mais espécies de formigas constroem ninhos usando sementes específicas de epífitas. Os insetos em questão são capazes de reconhecer estímulos liberados no momento em que o tecido foliar é rompido por um herbívoro, colaborando para a proteção da flora.

A colonização por formigas é determinante para algumas espécies de plantas, que dependem desta parceria para a reprodução e perpetuação da espécie. Embora a cooperação seja reconhecida, os pesquisadores ressaltam a importância de estudos detalhados sobre o tema em diferentes regiões geográficas com o intuito de averiguar se existe variação da interação de acordo com as espécies e o local ocupado.

Referência Bibliográfica:

Izzo, T. J., & Petini-Benelli, A. (2011). Relação entre diferentes espécies de formigas e a mirmecófita Cordia nodosa Lamarck (Boraginaceae) em áreas de mata ripária na Amazônia mato-grossense. Acta Amazonica, 41(3), 355-60.

Vicente, R. E., Dáttilo, W., & Izzo, T. J. (2014). Differential recruitment of Camponotus femoratus (Fabricius) ants in response to ant garden herbivory. Neotropical Entomology, 43(6), 519-525.

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