09

dez

2020

Com o apoio da ciência e da tecnologia, o manejo sustentável da floresta nativa da Fazenda São Nicolau é autorizado pela Secretaria de Meio Ambiente

Por forest
ONF Brasil planeja e executa manejo florestal sustentável de forma responsável (Foto: Acervo da ONF Brasil)

ONF Brasil planeja e executa manejo florestal sustentável de forma responsável (Foto: Acervo da ONF Brasil)

 

Em dezembro de 2019, a ONF Brasil obteve a Licença Florestal e a Autorização de Exploração (AUTEX 2952/2019) para iniciar a extração de algumas árvores na mata nativa da Fazenda São Nicolau. A operação é uma estratégia de valorização econômica dos produtos florestais madeireiros e é regida por estritas regras e normas para garantir o impacto mínimo no ambiente florestal. O manejo florestal sustentável, além de manter a biodiversidade e os serviços ambientais fornecidos pela floresta, tais como a manutenção dos ciclos hídricos e a proteção do solo, impede que todo o carbono armazenado pelas árvores retorne para atmosfera na forma de CO2 e contribua para o efeito estufa. A regeneração das árvores que crescem após exploração permite estocagem de mais carbono.

“O objetivo principal é manejar a floresta dando potencial econômico a essa, sem que haja prejuízos a sua biodiversidade e ao seu potencial socioambiental. O manejo florestal sustentável, feito de acordo com as regras e normas vigentes, valoriza e garante a manutenção da floresta em pé”, explica Alan Bernardes, engenheiro florestal, responsável técnico do manejo e coordenador das atividades da São Nicolau.

Para manter o controle de qualidade do manejo, a ONF Brasil utilizou o software BrFlor para acompanhar as ações em tempo real e garantir total transparência e rastreabilidade. Essa é uma plataforma voltada para a otimização e a gestão de empreendimentos de base florestal. O programa integra e controla as informações sobre as árvores abatidas, como a sua cubagem, o romaneio e a cadeia de custódia. O programa emite relatórios personalizados, etiquetas para que cada tora seja identificada com QR Code e código de barras, além de fornecer um sistema de emissão de nota fiscal eletrônica integrado.

Em Mato Grosso o controle da origem da madeira é feito pelo Sisflora (SEMA/MT), vinculado ao Sinaflor (Ibama). Com estes sistemas é possível rastrear a origem da madeira e garantir a correta cadeia de custódia.

Pilha de toras de madeira devidamente etiquetadas, oriundas do Plano de Manejo Florestal Sustentável da Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo da ONF Brasil)

Pilha de toras de madeira devidamente etiquetadas, oriundas do Plano de Manejo Florestal Sustentável da Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo da ONF Brasil)

 

Fase pré-exploratória: Trâmites legais embasados nos conhecimentos científicos asseguram a conservação da floresta com suas qualidades

Para que a extração de madeira nativa ocorra é necessário que o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) seja avaliado e aprovado pelos órgãos ambientais competentes. É a garantia que a floresta será conservada e fornecerá somente o que pode repor.

Antes da exploração, foi realizado o censo florestal, nele foram identificados e mapeados os indivíduos passiveis de exploração, de acordo com o que preconiza a legislação ambiental. Durante análise do projeto pela SEMA, duas etapas são observadas. Na primeira etapa é analisado o projeto macro da área, definido como Plano de Manejo Florestal Sustentável, que apresenta as informações da propriedade e a viabilidade financeira e ambiental do projeto. O segundo documento, denominado de Plano Operacional Anual, contém as informações para gestão da área com as atividades técnicas a serem desempenhadas durante a exploração, tais como: definição de estradas, pátios, árvores a serem abatidas, volume total, rendimento etc.

Desde a concepção da ideia em se empreender uma atividade de manejo florestal na Fazenda São Nicolau, várias instituições parceiras contribuíram durante o processo. Dentre essas, destaca-se o departamento de Engenharia Florestal da UFMT, campus Cuiabá. Através do Professor Dr. Versídes Morais e Silva, foram estabelecidas as diretrizes para o projeto e executadas as primeiras etapas, como o inventário diagnostico, feito a partir do lançamento de parcelas amostrais, analisando as espécies encontradas e avaliando a potencialidade da área. Tal trabalho resultou na primeira publicação, intitulada “Avaliação das potencialidades florestais e destinação de uso”. O resultado foi apresentado ao grupo ONF International (ONFI) e ao Comitê Técnico Cientifico do projeto Poço de Carbono que aprovaram a atividade.

Ainda fruto dessa parceria, vários trabalhos científicos foram produzidos, tais como artigos, dissertações e teses usando os dados da Fazenda São Nicolau.

Com aval técnico e científico, o projeto ganhou escopo a partir da elaboração do Plano de Manejo Florestal Sustentável madeireiro e não madeireiro e do levantamento em campo do censo florestal da UPA 1 (Unidade Produtiva Anual 1), que resultou na elaboração do POA 1 (Plano Operacional Anual 1). Já sob a responsabilidade técnica do Eng. Florestal Alan, o documento técnico apresentado ao órgão, uma vez aprovado, permitiu o início da exploração.

No documento final emitido pelo órgão (AUTEX) consta a autorização de abate das espécies e indivíduos solicitados. No total, são 1361 árvores distribuídas em 37 espécies, perfazendo um total de 4.905 metros cúbicos de madeira para a UPA 1. Entre as espécies com maior volumetria, destacam-se a Garapeira (Apuleia leocarpa), o Guaritá (Astronium lecointei), a Amescla aroeira (Protium paraense), o Garrote (Bagassa guianensis), a Itaúba (Mezilaurus itauba), e o Angelim pedra (Hymenolobium petraeum).

Considerando a área da UPA 1 (206 ha), a volumetria extraída por hectare é relativamente baixa – 23,8 m3/ha, causando menor impacto do que o permitido pela legislação, 30 m3/ha. Levando em conta trabalhos científicos adotados no estado, onde a média do crescimento de uma floresta manejada é de 0,86 m3/ha/ano, estima-se que a floresta estará totalmente restabelecida a sua volumetria natural em 27,6 anos.

 

A exploração é cuidadosa e prevê o monitoramento do impacto

No decorrer da exploração da madeira são observadas todas as normativas da legislação, e adotadas técnicas de EIR – Exploração com Impacto Reduzido preconizadas pelo IFT, Instituto Floresta Tropical, tais como atenção redobrada nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) onde não pode haver nenhuma intervenção, estradas e pátios com as menores dimensões possíveis, além de realizar um planejamento espacial da entrada do maquinário e um direcionamento de corte para a derrubada das árvores (evitando perturbar as plantas remanescentes). Também são criados mecanismos de defesa e prevenção contra incêndios florestais, evitando assim graves consequências de eventuais propagações de queimadas.

A exploração foi realizada pela empresa compradora do projeto, a Madeireira São Geraldo de Cotriguaçu, cujos colaboradores participaram entre 2012 e 2014 de cursos de capacitação em EIR, Exploração de Impacto Reduzido, conduzidos no município em parceria entre o IFT, a ONF Brasil e o ICV, no âmbito do Prodemflor, o Programa de Desenvolvimento do Bom Manejo Florestal. O treinamento ministrado durante os cursos permitiu obter melhores resultados durante a exploração, minimizando o impacto. Ao final a equipe de exploração elogiou a qualidade do material. Um desafio enfrentado, no entanto, foi em uma pequena área impactada pelos vendavais de 2013 e de 2019, que geraram quebra de árvores. Nessa região, a extração foi ainda mais cuidadosa.

A exploração da UPA 1 se iniciou no final de maio de 2020 com a abertura de estradas e pátios de estocagens. Nos dias seguintes, ocorreu o corte e o arraste das árvores. A ação, sob a supervisão do Alan, envolveu 11 funcionários da empresa compradora que depois realizou o transporte das toras para beneficiamento na madeireira em Cotriguaçu.

Um dos grandes benefícios do Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) é o monitoramento regular da área em manejo pelo período em que ela fica intocada e se repõe. Quando o manejo é aprovado pelos órgãos competentes, o responsável legal por aquela área, com apoio do responsável técnico do manejo, tem o dever de conservar a área pelo período de repouso. Sobretudo, este compromisso está averbado à margem da matrícula do imóvel cuja área foi manejada.

Para conduzir os trabalhos atuais de monitoramento e acompanhamento da floresta já manejada, a ONF Brasil continuará com a parceria firmada com o Departamento de Engenharia Florestal da UFMT, através da participação do professor Dr. Samuel Carvalho da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que contribuiu na implementação de parcelas permanentes de monitoramento da floresta, assim como com o CIRAD e a Embrapa Oriental. As parcelas instaladas têm a intenção de analisar as transformações após a exploração da área, como a regeneração de espécies vegetais, o comportamento da flora local e o retorno do crescimento florestal, além de gerar dados de pesquisa, que serão incorporados a redes de parcelas permanentes internacionais como as plataformas TmFO e Forestplots. O resultado de pesquisas fundamentadas nas parcelas colabora para aprimorar os cuidados durante o manejo.

Grupo instala parcelas permanentes de monitoramento da floresta na Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo ONF Brasil)

Grupo instala parcelas permanentes de monitoramento da floresta na Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo ONF Brasil)

 

A nível municipal o projeto de Manejo Florestal da Fazenda São Nicolau espera disponibilizar matéria-prima de qualidade e rastreável às indústrias madeireiras da região nos próximos anos, contribuindo assim à geração de empregos e movimento na economia local.

Para a UPA 2, a ser explorada em 2021, as atividades de censo florestal já foram iniciadas com duas equipes de campo realizando o levantamento e seleção das árvores de abate. Concluída a etapa de campo, será construído o Plano Operacional 2 a ser apresentado junto ao órgão ambiental para análise e posterior emissão de créditos. Essa atividade é parte da estratégia da Fazenda em buscar sua autossustentabilidade econômica, além de seus impactos socioambientais positivos.

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