11

ago

2016

Estoque de carbono no solo no interior da floresta amazônica não alterou, aponta estudo

Por forest

Segundo o pesquisador Philip Fearnside, esse estoque pode diminuir se houver um desmatamento para aumentar as áreas de pastagens

 

Foto: acervo do pesquisador

Foto: acervo do pesquisador

 

Apesar da mudança climática, o estoque de carbono no solo no interior da floresta até agora não mudou. A informação é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), Philip Fearnside, em artigo publicado junto com seu orientado, Henrique Barros, do curso de mestrado do Inpa em Ciência de Florestas Tropicais.

O artigo saiu esta semana na Forest Ecology and Management, da editora Elsevier, uma das revistas mais conceituadas na área florestal. Segundo o pesquisador, esse estoque pode diminuir se houver um desmatamento para aumentar as áreas de pastagens.

Dados indicaram que os estoques de carbono aumentaram no solo até 100 metros a partir das bordas de fragmentos florestais, numa média de 1,34 toneladas por hectare, após cerca de 30 anos de isolamento. Tais mudanças nos estoques de carbono do solo parecem estar associadas à decomposição da biomassa morta oriundo das maiores taxas de mortalidade de árvores causadas por mudanças microclimáticasnestas áreas de borda.

O estudo investigou a relação entre as mudanças nos estoques de carbono no solo e a distância até a borda mais próxima em remanescentes florestais, após 30 anos de isolamento, numa área do Distrito Agropecuário, localizado a 80 quilômetros ao norte de Manaus, na BR-174 (Manaus-Boa Vista). A pesquisa foi realizada dentro do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), uma parceria de pesquisa colaborativa, há mais de 40 anos, entre o Inpa e a Instituição Smithsonian.

Segundo o pesquisador, o estudo é importante para verificar se está mudando a quantidade de carbono no solo por causa da mudança climática e do desmatamento. “O desmatamento afeta não só a área onde as árvores são cortadas para a pastagem, mas também a floresta que está ao lado”, diz.

O pesquisador explica que o microclima na borda dessa floresta fica mais quente, com o vento entrando na floresta e abrindo buracos e com árvores morrendo. Isso modifica não só a quantidade de carbono que está nas árvores, mas também a que está no solo.

“Pensávamos que iria diminuir o carbono, porque com o solo mais quente iria deslocar o equilíbrio e se ter menos carbono, igual com o que acontece nas pastagens, no manejo extensivo que se tem na Amazônia”, diz Fearnside. “Mas vimos que numa escala de 25 a 30 anos, aumentou a quantidade de carbono na faixa da borda da floresta, isso porque estavam morrendo árvores e com isso se têm mais folhas e galhos caindo e apodrecendo, e esse carbono em parte está sendo transferido para o solo”, explica o pesquisador.

A pesquisa utilizou dados de 265 parcelas georreferenciadas e distribuídas por mais de 28 hectares (equivalente a 28 campos de futebol) de fragmentos florestais na região de Manaus. Os estoques de carbono no solo foram estimados para as áreas no período antes (1984-1986) e depois (2012-2013).

Outro resultado importante apontado no estudo é que não mostrou uma mudança significativa no interior da floresta longe da borda, o que sugere que a mudança climática global ainda não teve um efeito detectável nesta área. Segundo Fearnside, é importante para saber se o aquecimento global que está acontecendo já estaria mudando o equilíbrio para liberar mais carbono.

“Esse é um medo que todo mundo tem, porque há muito carbono no solo das florestas tropicais e com o aumento da temperatura, que já está acontecendo, se começar a sair pode piorar o quadro para o efeito estufa”, destaca.

O pesquisador explica que esses gases emitidos não são propositais e que há uma diferença quando se desmata uma área com moto-serra, que é uma decisão humana, e quando é a própria mudança climática que está liberando carbono. “Quando a emissão é intencional, sempre pode decidir a não fazer a ação que emite os gases, mas quando acontece, como consequência do próprio aquecimento global, essa emissão pode virar uma ‘bola de neve’, criando um círculo vicioso levando a cada vez mais aquecimento e mais emissão, o que levaria ao temido ‘efeito estufa fugitivo’, escapando do controle humano”, conta.

Fonte: Ascom Inpa

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