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ago

2016

Análise de espécimes da serpente Rhinobothryum lentiginosum reitera a Floresta Amazônica como habitat deste réptil

Por forest
Espécime juvenil de Rhinobothryum lentiginosum, encontrado em Paranaíta, MT (Foto: Setor de Herpetologia-Reptilia da Coleção Zoológica da UFMT)

Espécime juvenil de Rhinobothryum lentiginosum, encontrado em Paranaíta, MT (Foto: Setor de Herpetologia-Reptilia da Coleção Zoológica da UFMT)

 

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) sistematizaram dados dos registros da espécie Rhinobothryum lentiginosum, disponíveis na Coleção Zoológica de Vertebrados da universidade. Entre as inferências relacionadas no artigo científico publicado em junho de 2015, estão informações sobre a distribuição, reprodução e alimentação da referida serpente. O paper contou com a participação do doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e atual professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Ricardo Alexandre Kawashita-Ribeiro.

A distribuição de R. lentiginosum é comum na Floresta Amazônica, na região da América do Sul. Existem anotações na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Brasil. Contudo, os estudiosos apontam a possível ocorrência de um equívoco de interpretação na inclusão do Paraguai, único país externo à Amazônia, na lista. O espécime em questão foi encontrado na bacia do Rio Amazonas e Paraguai na América do Sul Tropical – sem referências efetivas ao país Paraguai.

No Brasil, o réptil foi observado nos estados do Amapá, Acre, Amazonas, Rondônia, Pará e Mato Grosso. Os pesquisadores avaliaram 25 espécimes do Mato Grosso. A coleta dos indivíduos ocorreu nos municípios de Alta Floresta, Cláudia, Cotriguaçu, Juína, Juruena, Novo Mundo, Paranaíta e Sinop. Cláudia foi o ponto mais ao sul e a única localidade cujo bioma não é a Floresta Amazônica, mas a zona de transição entre a Amazônia e o Cerrado.

Do total dos espécimes, 6 machos e 8 fêmeas foram examinados mais detalhadamente. Os estudiosos realizaram medições e análises do estado reprodutivo dos indivíduos (como a coleta de dados sobre a espermiogénese nos machos ou maturação dos espermatozoides).

Segundo a publicação, as médias das medidas dos machos – a extensão do focinho à cloaca e o comprimento da cauda –  foram maiores do que as das fêmeas. O macho de maior tamanho chegou a 1,252 mm e a maior fêmea atingiu 1,187 mm. Os testículos com maiores proporções eram de espécimes coletados nos meses de abril e outubro. Curiosamente, os ductos eferentes (que drenam os espermatozoides dos testículos) de um macho eram translúcidos, enquanto o de outro eram opacos. Uma fêmea do mês de maio apresentou 3 folículos vitelogênicos (célula-ovo com nutrientes para uma possível gestação) e outra do mesmo mês, 3 ovos.

A sistematização dos dados não identifica padrões sazonais, sugerindo que a reprodução é circunstancial. Porém, mais estudos são necessários, especialmente porque a literatura sobre a reprodução de R. lentiginosum é escassa.

Outra informação relevante se refere à dieta alimentar desta serpente. Em 50% dos indivíduos, os pesquisadores encontraram alimentos identificáveis, que se constituíram principalmente de lagartos. Os resultados fundamentam, então, as hipóteses de estudos anteriores de que os lagartos são a base da dieta – ainda que as serpentes também apreciem pássaros, mamíferos e anfíbios – e de que a espécie possui hábitos terrestres e arbóreos.

 

Referência bibliográfica:

de Arruda, L. A. G., de Carvalho, M. A., & Kawashita-Ribeiro, R. A. (2015). New records of the Amazon banded snake Rhinobothryum lentiginosum (Serpentes: Colubridae) from Mato Grosso State, Brazil, with natural history notes. SALAMANDRA, 51(2), 199-205.

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