23
dez
2020
De agosto a setembro de 2020, foi realizado o inventário florestal na UPA 2 — Unidade de Produção Anual 2, localizada em região de mata nativa objeto de Plano de Manejo Florestal Sustentável aprovado pela SEMA-MT. As duas equipes que lideraram a ação foram compostas por quatro colaboradores cada e o resultado, após a sistematização dos dados, foi a construção do Plano Operacional Anual (POA 2021), documento exigido para aprovação pela SEMA-MT das atividades de manejo florestal para o ano 2021.
“A atividade de inventário na floresta nativa adentro é bem complexa e cansativa, mas traz um contato direto com a mata e suas belezas: as árvores centenárias e as riquezas de detalhes”, ilustra o engenheiro florestal Alan Bernardes, responsável técnico pelo projeto e coordenador das atividades da Fazenda.
Outro engenheiro florestal que integrou as equipes, o Antônio Gomes, lembrou também da dificuldade de se realizar a atividade. O grupo anda o dia inteiro dentro da mata nativa, atravessa corpos d’água, enfrenta relevos acidentados e se depara com diferentes espécies de animais, além de árvores centenárias: “A sensação é fantástica, uma árvore de nove metros de circunferência não se vê todo dia”.
Anteriormente à realização do inventário é necessário planejar a atividade e preparar a área em campo. De maio a julho, após definição em mapas da área a ser explorada em 2021, duas equipes de campo demarcaram o perímetro da área da UPA 2 na floresta e realizaram a abertura das picadas que estabelecem faixas, a cada 50 metros, para se caminhar. Essas faixas são percorridas sistematicamente pelas equipes de inventário durante o censo. A definição das espécies de interesse para exploração seguem as normas legais e as demandas do mercado.
Em campo os times catalogaram 18.500 árvores, cobrindo uma área de 1.018,00 hectares. Cada equipe é formada por um identificador, dois auxiliares e um coordenador, também engenheiro florestal. Entre as atividades conduzidas pela equipe, estão a identificação dos indivíduos com potencial, seguindo a listagem das espécies de interesse pré-definidas anteriormente, durante a fase de planejamento. A partir de então, as árvores têm suas informações de circunferência, altura e qualidade do fuste inseridas no coletor, permitindo definir a classificação de cada árvore em corte, porta-sementes ou remanescente. No processo, cada árvore ganha um número de identificação único, que é registrado em plaqueta fixada na árvore e no coletor de dados do aplicativo Xendra para Android, junto com as suas características e coordenadas para sua posição geográfica. Essa identificação acompanha a árvore até sua exploração e transporte das toras até a serraria, garantindo a total transparência e legalidade da atividade.
As árvores são classificadas em “remanescente” ou “corte” de acordo com a sua circunferência. Quando a planta possui mais de 158 cm de circunferência, ela pode, em teoria, ser cortada. Já aquelas com circunferência entre 95 e 157 cm são definidas como remanescente. Parte das árvores de cada espécie ainda são definidas como porta-sementes: 10 a 15% dos indivíduos de cada espécie, com o objetivo de deixar, na área, matrizes produtoras de sementes. A função das porta-sementes é garantir a regeneração das espécies e a variabilidade genética após a exploração. Algumas espécies nunca podem ser cortadas ou exploradas, independentemente de suas circunferências: é o caso da castanheira, do mogno e da seringueira. Essa metodologia de classificação segue o regimento estadual, que define as regras para o inventário e cálculo do estoque de madeira.
Após o censo florestal, o software Xendra, desenvolvido porClovis Valadares Junior, auxiliou no tratamento dos dados coletados em campo e no equacionamento volumétrico das árvores. São, então, selecionadas todas as árvores de corte, sempre respeitando os limites de volume estabelecidos por lei, que garantem a regeneração natural da floresta e a sustentabilidade da atividade a longo prazo. Uma das principais informações apresentadas pelo POA é exatamente esse volume de árvore a ser extraído, obedecendo o limite máximo de exploração de 30 metros cúbicos por hectare. Esse valor teórico foi definido embasando-se em pesquisas científicas sobre a dinâmica da floresta no estado. Além do volume, no POA são apresentadas as informações da área, todas as atividades de planejamento e exploração, tais como a alocação de pátios, estradas e trilhas de arraste das árvores, além de serem apresentados os cálculos de prognose (estimativa da recomposição da volumetria da floresta após o ciclo de corte, definido em 35 anos). Os POAs são produzidos anualmente a partir do momento que é emitida a Licença Florestal, que autoriza a atividade de manejo florestal na área. Os planos são submetidos à análise do órgão ambiental (SEMA-MT) e sua aprovação leva à emissão da Autorização de Exploração (AUTEX). Os procedimentos e as informações exigidas seguem legislações estadual e federal.
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