29

mar

2019

Roça agroflorestal prospera e tem apoio de estagiários do curso técnico em agropecuária do IFMT Juína

Por forest
Estagiário trabalha na horta agroflorestal da São Nicolau (Foto: Saulo Thomas)

Estagiário trabalha na horta agroflorestal da São Nicolau (Foto: Saulo Thomas)

 

Ao longo de 2018 a roça agroflorestal da Fazenda, poupou mais de 6 mil reais na compra de alimentos para o refeitório. No futuro, essa estimativa deve descontar os custos de manutenção da horta, mas, por ora, é um indicador do sucesso da iniciativa e da possibilidade de suprir o refeitório da Fazenda com alimentos saudáveis e sustentáveis. No cardápio do café da manhã, do lanche da tarde e da janta, a melancia é o produto da roça preferido pela equipe. As pessoas ficaram tão acostumadas com os alimentos fresquinhos que reclamam quando faltam folhas e legumes.

“Hortaliças e legumes não faziam parte do hábito alimentar de todos e, aos poucos, eles estão sentindo a falta quando essas comidas não estão presentes”, comenta o engenheiro florestal Saulo Thomas, do Programa de Integração Local. A roça agroflorestal passou a despertar o interesse dos colaboradores a partir de setembro de 2016. O avanço mais recente da iniciativa foi a introdução de hortifrútis nas entrelinhas dos canteiros principais.

Entre os objetivos desse cultivo, está a possibilidade de replicação do modelo por escolas, plantios comunitários e fazendas locais. Com esse intuito, as práticas e as ferramentas para a consolidação da horta estão em processo de aperfeiçoamento para, no futuro, servirem de referência. Considerando que a logística de beneficiamento em larga escala dos alimentos substituiu a tradição da produção de subsistência, a expectativa é de que o modelo de horta da Fazenda São Nicolau se torne mais viável para locais onde a produção pode atender à demanda de consumo.

A horta foi planejada para ser implementada em módulos, facilitando a operacionalização e o escalonamento da produção. A referência técnica para o desenvolvimento desses módulos surgiu com a participação do Saulo no curso intensivo sobre Sistemas Agroflorestais (SAFs) da Fazenda da Toca, no interior de São Paulo, em julho do ano passado. No assentamento Mário Lago, visitado durante o treinamento, são utilizados módulos de horta agroflorestal para mais de 30 famílias. Na região, o mercado já está consolidado para o escoamento e consegue absorver a produção com valor agregado por ser orgânica.

Na São Nicolau, a roça está dando seus primeiros passos e o gerenciamento dos módulos é realizado com o apoio dos três estagiários do curso técnico em agropecuária do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus de Juína. Lucas Lauro Lima, Aline Vitória Mendes França e Milca Ferreira trabalham na produção de hortaliças, nos SAFs, no projeto de recuperação de área degradada, na produção de mudas florestais e frutíferas e no manejo de gado em sistemas tradicionais, silvipastoris e racionais.

O cuidado das áreas degradadas, principalmente a recuperação e proteção de Áreas de Preservação Permanente (APPs), é uma atividade que recebeu muita dedicação por parte dos estagiários. Na São Nicolau, os estudantes contribuíram para restaurar trechos da Fazenda que, antes da aquisição pela ONF Brasil, havia sofrido com pastagens e cultivos convencionais. No momento, a recuperação de todas as APPs da Fazenda está na fase de finalização.

Outro espaço de recuperação ambiental e de atuação dos estagiários foi o sítio Bom Jesus do  Antônio Lúcio de Oliveira. O sonho de preservar a riqueza natural na propriedade existe desde a sua aquisição e a ação se tornou urgente pela intensidade da degradação causada pela dessedentação do gado. O plano de ação foi elaborado durante o curso “Meio Ambiente e Educação Ambiental – Um Diálogo Inicial”, promovido pela ONF Brasil em parceria com a Sema/MT. O projeto programou a recuperação de forma gradual e utilizando o mínimo de recursos possíveis. Um exemplo é a escolha da tecnologia alternativa de cercas vivas formadas pela espécie Gliricídia sepium, muito usada no semiárido brasileiro.

Antes da implementação das estacas para a cerca viva, os estagiários realizaram uma revisão bibliográfica sobre a espécie e formas alternativas para fornecer água ao gado (como o carneiro hidráulico). As próximas etapas compreendem a execução da cerca em outros piquetes e o enriquecimento da área protegida com árvores frutíferas e espécies de interesse econômico, como o café e o urucum (para corantes naturais em alimentos e cosméticos).

A participação dos jovens em práticas sustentáveis é fundamental para a sua formação como profissionais conscientes. Os estagiários deixaram a São Nicolau conhecendo ações simples, como a roça agroflorestal, que podem gerar diversos benefícios sociais, ambientais e econômicos. Entre as vantagens, estão a regeneração de solos e a regulação do microclima local. Com o apoio dos estudantes, a Fazenda pode se tornar referência e difundir os bons resultados, principalmente pelos os colaboradores da ONF Brasil.

“A região Noroeste também é estratégica pelo fato de ser a fronteira agrícola com a Floresta Amazônica. Qualquer ação que diminua a pressão sobre o desmatamento ou mitigue seus efeitos é fundamental para a regulação do clima e o regime de chuva do Brasil”, concluiu Saulo.

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