16

dez

2019

Os plantios de teca da Fazenda São Nicolau, após quase duas décadas estocando carbono, serão explorados para exportação de madeira

Por forest
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Exploração da teca, espécie com alto potencial em estocagem de carbono   (Foto: Acervo ONF Brasil)

 

Em outubro a ONF Brasil iniciou a exploração da teca, única espécie exótica do projeto Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF (PPCFPO) com potencial para exploração da madeira. A teca (tectona grandis), de origem do sudeste asiático, é uma espécie que se adaptou muito bem no Mato Grosso devido ao clima do estado. Seu crescimento rápido lhe confere um alto potencial em estocagem de carbono.  Sua madeira é uma das mais valiosas e apreciadas, com forte procura no mercado internacional, por suas altas qualidades de resistência e estética. Ela tem uso múltiplo, sendo para a criação de móveis, objetos decorativos ou também na indústria naval. No Brasil, 90% da área plantada de teca encontra-se no Mato Grosso (Associação Brasileira de Produtores de Floresta Plantada, 2018), onde são registrados mais de 70mil ha de plantação, ficando atrás apenas do eucalipto como principal espécie exótica em reflorestamentos no estado. A produção de teca mato-grossense ainda é em maioria destinada à exportação em tora.

Os recursos levantados na venda da teca da Fazenda serão reinvestidos no projeto, garantindo a continuidade das atividades gerais e o replantio dos talhões explorados em sistemas mistos com alta eficiência em produtividade e estocagem de carbono. O tratamento silvicultural clássico de plantações de teca, após um plantio adensado, incluem desbrotas e desbastes periódicos que permitem o maior e melhor desenvolvimento dos indivíduos dominantes. Em 20 a 25 anos, chega-se a uma plantação de árvores de grandes diâmetros, sendo os de maior valor agregado no mercado.

Na fazenda São Nicolau, o manejo foi menos intensivo e a desbrota das tecas nos talhões do poço de carbono iniciou somente em 2010 e não foram realizados os desbastes periódicos mesmo se previstos no escopo de certificação. O objetivo do plantio incialmente era essencialmente para a pesquisa de potencial da espécie para estocagem de carbono e, eventualmente para testar o mercado de aproveitamento da madeira na região noroeste.

Após quase 20 anos de crescimento as árvores atingiram seu máximo potencial de desenvolvimento, resultado na estagnação do crescimento em sua idade madura. Ou seja, chegaram ao máximo de capacidade de estocagem de carbono e à época indicada para o corte apesar do baixo manejo realizado na área. Demonstraram à alta qualidade da área da Fazenda para a produção de teca mesmo se somente as árvores com potencial comercial são aproveitadas para a venda da madeira. A maior e mais bonita tora explorada em 2019 tinha 6m de comprimento, bem regular, com 147cm de circunferência.

As árvores com potencial de aproveitamento são selecionadas, cortadas e transportadas para o pátio, onde são medidas (para cálculo do volume). A partir de então, são transportadas pela empresa parceira, responsável pela exportação. O carbono contido nas toras vendidas será deduzido do total estocado no poço no próximo inventário carbono e portanto não poderá gerar créditos comercializáveis.

A venda demonstra a viabilidade da cadeia produtiva de teca além de levantar os gargalos para a atividade e as oportunidades para seu crescimento. A disseminação das informações pode incentivar outros produtores regionais a realizarem um manejo consciente, com impactos ambientais positivos.

Os novos plantios que serão realizados nos talhões explorados contribuirão igualmente para o objetivo principal do PPCFPO, a estocagem de carbono e a mitigação das mudanças climáticas, associado à produção sustentável.

Os 90% restante da área de reflorestamento do poço de carbono foram plantados com espécies nativas sem objetivo de exploração de madeira. Eles representam a maior parte do carbono estocado ao longo dos anos, conforme monitorado pelo inventario anual.

Os 120 ha de APPs degradadas que existiam na propriedade antes de sua compra pela ONF Brasil, também foram restaurados com espécies nativas, produzidas no viveiro da Fazenda. Nesse caso o plantio tem único objetivo de restauração, o carbono estocado não é inventariado e não pode ser objeto de certificação para venda de créditos de carbono.

A floresta nativa preservada, por outro lado, constitui um reservatório estável de carbono. Parte dela fica intocada na RPPN e a área restante possui Plano de manejo Florestal Sustentável madeireiro e Plano de Manejo Florestal Simplificado Não Madeireiro (para a castanha do Brasil) aprovados pela SEMA-MT. Os planos garantem a exploração dos diversos produtos da floresta, com responsabilidade, durabilidade e legalidade. A coleta sustentável da castanha é realizada pela ACCPAJ há vários anos e a exploração sustentável de madeira nativa deve iniciar a partir de 2020 com seus impactos serão monitorados por rede de parcelas permanentes.

Desenvolver essas diversas atividades na Fazenda São Nicolau permite testar e demostrar a viabilidade econômica da floresta em pé, assim como alternativas produtivas eficientes com impacto ambiental positivo para as áreas consolidadas.

Veja mais imagens da exploração da teca:

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