O Projeto TerrAmaz está selecionando propriedades em Cotriguaçu – MT para a implementação de Unidades Demonstrativas (UDs) de transição agroecológica das cadeias produtivas de café e pecuária.
O sistema de seleção com os prazos de candidatura será descrito a seguir, os benefícios disponíveis, os critérios de seleção e o formulário de inscrição estão disponíveis abaixo.
A publicação da segunda chamada tem o objetivo de completar as 3 vagas restantes para os beneficiários das UDs de pecuária e 1 vaga para UD café agroflorestal.
01/11/21 – Início da divulgação do projeto através de chamadas na rádio local, apresentações na comunidade e divulgado pelas redes sociais da ONFB;
01/11/21 – Abertura das inscrições através do preenchimento do formulário de inscrição online (https://tinyurl.com/p2tymapn), ou solicitando e entregando o formulário impresso para Rafael Pereira de Paula na Fazenda São Nicolau de segunda a sexta-feira das 7h30 às 17h30.
05/11/21 – Encerramento das inscrições
08/11/21 a 12/11/21 – Realização de entrevistas e visitas a campo
15/11/21 – Classificação dos beneficiários por um filtro de critérios e apresentação a um Comitê técnico Operacional Extraordinário que validará os melhores classificados.
16/11/21 – Confirmação da seleção aos agricultores
17/11/21 – Início das atividades
Obs.: Devido a pandemia, o sistema de seleção no ano de 2021 foi modificado para atender protocolos de biossegurança contra COVID-19, principalmente em não estimular aglomerações, seguindo da seguinte forma: para a divulgação do projeto, serão realizadas apresentações individuais do escopo e critérios do projeto para os agricultores identificados nas redes de contato já estabelecidas nos critérios acima (Projeto Petra, Programa Nosso Leite, Rural Sustentável, Rede ONFB) e divulgação no site da ONFB e Facebook.
Benefícios Disponíveis – Unidades Demonstrativas TerrAmaz
Critérios de Seleção de Beneficiários Terramaz
Mais informações sobre a seleção, clique em seleção de UDs – chamada 2
Saulo M Thomas
Coordenador TerrAmaz Cotriguaçu
WhatsApp: 65 9 9606-9140
E-mail: thomas.saulo@gmail.com
Rafael Pereira de Paula
Técnico de Campo TerrAmaz Cotriguaçu
WhatsApp: 66 9 9953-3092
E-mail: rafael@onfbrasil.com.br
Aprimorar técnicas para a pós-colheita do café agroecológico é um dos objetivos das Unidades Demonstrativas a serem implementadas no PA Juruena e na Fazenda São Nicolau (Foto: Acervo ONF Brasil)
No fim de abril, Rafael Pereira de Paula foi contratado como técnico de campo do Projeto TerrAmaz. Além de ser agrônomo, mestre em Agroecologia e doutorando em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural, Rafael tem um histórico pessoal que contribui para as atividades de transição agroecológica em Cotriguaçu (MT). Ele veio da região Norte de Mato Grosso e é um antigo assentado e agricultor. Sua tarefa principal no TerrAmaz é coordenar a implementação das Unidades Demonstrativas (UDs) no Projeto de Assentamento Juruena e na Fazenda São Nicolau, com foco nas cadeias produtivas do café e da pecuária. O diálogo com os beneficiários é estratégico para a iniciativa e o passado de Rafael é um aliado para estabelecer os contatos e gerar empatia.
Apesar dos desafios e os impactos impostos pela pandemia, o TerrAmaz avança com adaptações no desenho do projeto. Rafael já iniciou a seleção dos beneficiários, sempre com o cuidado de evitar aglomerações.
“Procuramos sempre fazer reuniões remotas pela internet e visitas apenas quando necessário, sempre tomando os cuidados com distanciamento e utilizando máscara e álcool em gel. Tivemos que mudar algumas atividades, como nos convites aos agricultores, que estava previsto para ser em uma reunião coletiva e tivemos que fazer individualmente; e também os intercâmbios que foram adiados. Estamos atentos e todas as nossas ações buscam manter a integridade e saúde de todos os nossos parceiros”, explica Rafael.
Com os protocolos necessários, uma rede de contatos é formada. As próximas ações visando a transição agroecológicas são a realização de um diagnóstico nas propriedades selecionadas. A intenção é implementar 10 UDs no PA Juruena e 2 na Fazenda São Nicolau (uma para café e a outra para pastagem) apenas no primeiro ano. No total, estão previstas 23 UDs para os próximos anos (uma na Terra Indígena Escondido e 10 a mais no PA Juruena).
A expectativa para o futuro próximo é organizar intercâmbios para compartilhamento de experiências entre os agricultores do TerrAmaz e outros que já possuem sistemas de produção consolidados e em transição agroecológica.
CTO se reúne para alinhar e discutir as próximas ações do projeto (Foto: Acervo ONF Brasil)
Outros avanços do projeto foram a primeira reunião do Comitê Técnico Operacional (CTO) do TerrAmaz em Cotriguaçu e a execução do estudo de viabilidade de formação de Comitês de Avaliação de Crédito (CACs) do Banco Comunitário Raiz nas comunidades beneficiárias.
O encontro do CTO aconteceu no dia 1º de junho, envolvendo as principais beneficiárias e implementadoras do projeto: ONF Brasil, Instituto Centro de Vida (ICV), Associação de Coletores(as) de Castanha-do-Brasil do PA Juruena (ACCPAJ) e a Aldeia Babaçual. Foram fundamentais para os debates a presença da Estelle Dugachard, diretora da ONF Brasil, Benedita Mendes, técnica do ICV, e Rodrigo Marcelino, indigenista do ICV. A participação do grupo contribui para a gestão estratégica, implementação e monitoramento das atividades em Cotriguaçu, município que se configura como um piloto do projeto.
Durante a reunião, foi apresentado o funcionamento do CTO. Também se compartilhou o balanço das atividades realizadas e a programação para os próximos quatro meses, além de abordar a necessidade de consentimento dos indígenas Rikbaktsa e da Fundação Nacional do Índigo (Funai) para o trabalho na Terra Indígena Escondido.
E o segundo avanço do TerrAmaz, os CACs do Banco Comunitário Raiz, tiveram por objetivo estruturar uma ferramenta de crédito inovador para potencializar a transição agroecológica pretendida. Esse banco é uma organização de economia popular e solidária, sistematizada pelo Instituto Ouro Verde (IOV) desde 2012. Por meio da obtenção de recursos para o investimento e custeio de produtos agroecológicos (produção, transformação e comercialização), o banco fortalece e dinamiza a agricultura familiar e pequenos empreendimentos na Amazônia. O impacto é positivo para o bem-estar das famílias da região.
A avaliação do desenho e do futuro do TerrAmaz também é positiva. “O projeto possui objetivos claros e concisos, com estrutura bem definida e que visa atender às demandas dos próprios agricultores. As primeiras impressões do projeto foram muito positivas e produtivas. Já deu a noção do tamanho dos desafios que enfrentaremos no decorrer do projeto”, justifica Rafael.
O técnico de campo vê o projeto como uma oportunidade para apoiar os beneficiários na obtenção de uma produção de qualidade, sustentável e mais rentável. Participar do projeto e vivenciar as atividades da Fazenda São Nicolau foram outras vantagens encontradas por Rafael ao assumir o cargo.
“A Fazenda São Nicolau me impressionou positivamente pela amplitude dos projetos em que atua, sempre buscando a conservação ambiental, a estrutura é maravilhosa e todos os funcionários me receberam muito bem e me deram todo o apoio que será fundamental para cumprir com os objetivos do TerrAmaz, é uma felicidade imensa conhecer e viver na fazenda.”
A ONF Brasil, empresa de direito privado, brasileira, filial da ONF International, criada em 1999 para a implementação do Projeto Poço de Carbono Peugeot/ONF Brasil na Fazenda São Nicolau em Cotriguaçu – MT. Tem como atual missão: Desenvolver a gestão do ambiente florestal com a diversificação de atividades produtivas sustentáveis e replicáveis, para integrar viabilidade econômica com impactos socioambientais positivos e está responsável pela implementação do Projeto Territórios Amazônicos – TerrAmaz em Cotriguaçu – MT, em
parceria com o Instituto Centro de Vida (ICV).
O Projeto TerrAmaz é financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), sob coordenação geral do CIRAD, tem como objetivo geral: Apoiar os territórios Amazônicos na implementação de sua política de combate ao desmatamento e transição para um modelo de desenvolvimento que permita combinar desenvolvimento econômico de baixo carbono e conservação de ecossistemas. Terá a duração de outubro de 2020 até setembro de 2024 e será implementado em 4 países e 5 sítios piloto (Cotriguaçu e Paragominas no Brasil, Guaviare na Colômbia, Yasuni no Equador e em Madre de Dios do Peru).
Em Cotriguaçu tem como objetivo geral o Planejamento Territorial e Transição Agroecológica de Atividades Produtivas, sendo que um dos objetivos específicos é:
– Promover práticas sustentáveis e estabelecer redes de propriedades piloto.
Assim, o Projeto TerrAmaz está selecionando propriedades em Cotriguaçu – MT para a implementação de Unidades Demonstrativas (UDs) de transição agroecológica das cadeias produtivas de café e pecuária
O sistema de seleção com os prazos de candidatura será descrito a seguir, os benefícios disponíveis, os critérios de seleção e o formulário de inscrição estão disponíveis no site da ONF Brasil.
13/08/21 – Início da divulgação do projeto através de chamadas na rádio local, apresentações
na comunidade e divulgado pelas redes sociais da ONFB;
16/08/21 – Abertura das inscrições através do preenchimento do formulário de inscrição
online: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfhJdk8PwuyOaW-ckb45pNi-
SuSafmwUUIWmBg1w6o_ZsSIqg/viewform?usp=sf_link, ou solicitando e entregando o formulário impresso para Rafael Pereira de Paula na Fazenda São Nicolau de segunda a sexta-
feira das 7h30 às 17h30.
27/08/21 – Encerramento das inscrições
30/08/21 a 03/09/21 – Realização de entrevistas e visitas a campo
08/09/21 – Classificação dos beneficiários por um filtro de critérios e apresentação a um Comitê técnico Operacional Extraordinário que validará os melhores classificados.
10/09/21 – Confirmação da seleção aos agricultores
13/09/21 – Início das atividades
Obs.: Devido a pandemia, o sistema de seleção no ano de 2021 foi modificado para atender protocolos de biossegurança contra COVID-19, principalmente em não estimular aglomerações, seguindo da seguinte forma:
Para a divulgação do projeto, serão realizadas apresentações individuais do escopo e critérios do projeto para os agricultores identificados nas redes de contato já estabelecidas nos critérios acima (Projeto Petra, Programa Nosso Leite, Rural Sustentável, Rede ONFB) e divulgação no site da ONFB e Facebook.
– Critérios de Seleção de Beneficiários Terramaz
– Benefícios Unidades Demonstrativas TerrAmaz
Contato para perguntas:
Saulo M Thomas
WhatsApp: 65 99606-9140
E-mail: thomas.saulo@gmail.com
Cotriguaçu é uma das cinco localidades na América Latina que participam do TerrAmaz (Foto: Acervo TerrAmaz)
O Projeto TerrAmaz – Territórios Amazônicos – é financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e será implementado pelo consórcio de CIRAD (Centro de cooperação internacional em pesquisa agronômica para o desenvolvimento) em parceria com a ONF International e a AVSF (Agrônomos e veterinários sem fronteiras) com objetivo de “Apoiar os territórios Amazônicos na implementação de suas políticas de combate ao desmatamento e transição para um modelo que permita combinar o desenvolvimento econômico de baixo carbono e conservação de ecossistemas”. As atividades apoiarão cinco sítios piloto em quatro países durante quatro anos: Cotriguaçu e Paragominas (Brasil), Yasuní (Equador), Madre de Dios (Peru) e Guaviare (Colômbia).
Em Cotriguaçu, o projeto será coordenado pela ONF Brasil em parceria com o ICV (Instituto Centro de Vida), sendo que um dos objetivos específicos é a promoção de práticas sustentáveis e estabelecimento de uma rede de propriedades pilotos. Na prática, a iniciativa apoiará a transição agroecológica de atividades produtivas implementando unidades demonstrativas em 20 propriedades de agricultores familiares produtoras de café e pecuária. Também serão instaladas unidades demonstrativas de café agroflorestal e sistema silvipastoril na Fazenda São Nicolau.
Também serão realizados intercâmbios e capacitações sobre o leque disponível de boas práticas – como biofertilizantes, adubação verde, controle natural de pragas, melhoria de qualidade pós colheita do café com terreiro, certificação orgânica, adubação, rotação e arborização de pastagens.
O coordenador do projeto, Saulo Thomas, pontua a necessidade da mudança de perspectiva sobre as atividades produtivas na região: “Desconsiderando o desmatamento para invasão ilegal de terras, entende-se que a abertura de novas áreas seja necessária para aumentar a produção. A transição agroecológica traz soluções técnicas que permitem aumentar a produtividade na mesma área, usando insumos locais, melhorando a qualidade do solo, água e microclima, além de permitir o acesso a um mercado diferenciado que valorize os produtos com impactos socioambientais positivos”.
Ainda no subobjetivo de promoção de boas práticas, será apoiada a estruturação de agroindústria de beneficiamento de castanha-do-Brasil, que agregará valor ao produto gerando mais renda aos coletores e criando empregos na região. A proposta da ONF Brasil e do ICV é continuar com o apoio constante à Associação de Coletores(as) de Castanha-do-Brasil do PA Juruena (ACCPAJ), parceiro que acompanham desde a criação do grupo quando disponibilizaram uma área para coleta na Fazenda São Nicolau e que foi recentemente fortalecida pelo Projeto Redes Socioprodutivas implementado pelo ICV com financiamento do Fundo Amazônia. A iniciativa também planeja a estruturação de uma brigada de incêndio formada pelos extrativistas para garantir maior proteção das áreas de coleta, mesmo que a prioridade sejam ações preventivas.
A exploração sustentável da castanha é uma das principais atividades das fazendas piloto do projeto em Cotriguaçu (Foto: Acervo ICV/Rodrigo Vargas)
Em paralelo, a construção participativa de uma plataforma online (Forland) deve dar apoio ao planejamento e gestão territorial. São previstas funcionalidades de monitoramento do desmatamento em continuidade do trabalho realizado durante o projeto PETRA, dos indicadores do território acompanhando os indicadores PCI (Produzir Conservar Incluir) e da eficiência das práticas.
Modelo de ferramenta de monitoramento territorial que será construída pelo Projeto TerrAmaz para apoiar a gestão territorial em Cotriguaçu-MT (Imagem: Acervo da ONF Brasil)
Haverá um foco mais específico sobre agricultura familiar, em alinhamento com as atividades da Secretaria Estadual de Agricultura Familiar (SEAF), para o levantamento de dados da agricultura familiar, sua inclusão no SEIAF (Sistema Estadual Integrado da Agricultura Familiar) e construção de um Plano Municipal de Agricultura Familiar (PMAF).
Transversalmente e em todos os territórios serão analisadas as questões de certificação (de produto, cadeia e território), de mecanismos inovadores de financiamento para a transição agrícola e o desenvolvimento de indústrias sustentáveis. Um componente de pesquisa científica produzirá referências sobre políticas públicas, indicadores para monitoramento e certificação da transição sustentável dos territórios assim como referências técnicas e econômicas sobre sistemas sustentáveis agrícolas, florestais e de pecuária.
O engenheiro Saulo Thomas comentou sobre os impactos positivos do TerrAmaz no município: “Para os agricultores na região, o projeto integrará a sustentabilidade financeira e eficiência econômica à sustentabilidade ambiental. A Fazenda São Nicolau favorece experimentações, pesquisa e troca de experiência assim como potencial agregador para o mercado diferenciado e mundo dos negócios de impacto”.
Cotriguaçu foi escolhido por ser um território com grande potencial de transformação, que já possui instrumentos de governança local e diagnósticos produtivos construídos ao longo da implementação de grandes projetos. Um pacto territorial foi assinado em 2018 entre a Prefeitura, o governo do Estado e atores públicos, privados e da sociedade civil, descrevendo os próprios objetivos do território em contribuição à estratégia estadual PCI. O programa REM beneficia várias iniciativas na região, direta e indiretamente. Nesse momento de sinergias e alinhamento entre as políticas públicas do estado e a estratégia territorial, o ICV e a ONF Brasil com seus 30 e mais de 20 anos de presença e atuação na região, pretendem, graças ao TerrAmaz, ajudar a mobilizar os atores e potencializar os diferentes projetos e mecanismos de desenvolvimento.
Mesa de parceiros participantes do webinar de lançamento TerrAmaz em 26/02/2021 (Imagem: Acervo ONF Brasil e ICV)
Os dados coletados em campo são posteriormente processados pelo software Xendra (Foto: Acervo da ONF)
De agosto a setembro de 2020, foi realizado o inventário florestal na UPA 2 — Unidade de Produção Anual 2, localizada em região de mata nativa objeto de Plano de Manejo Florestal Sustentável aprovado pela SEMA-MT. As duas equipes que lideraram a ação foram compostas por quatro colaboradores cada e o resultado, após a sistematização dos dados, foi a construção do Plano Operacional Anual (POA 2021), documento exigido para aprovação pela SEMA-MT das atividades de manejo florestal para o ano 2021.
“A atividade de inventário na floresta nativa adentro é bem complexa e cansativa, mas traz um contato direto com a mata e suas belezas: as árvores centenárias e as riquezas de detalhes”, ilustra o engenheiro florestal Alan Bernardes, responsável técnico pelo projeto e coordenador das atividades da Fazenda.
Outro engenheiro florestal que integrou as equipes, o Antônio Gomes, lembrou também da dificuldade de se realizar a atividade. O grupo anda o dia inteiro dentro da mata nativa, atravessa corpos d’água, enfrenta relevos acidentados e se depara com diferentes espécies de animais, além de árvores centenárias: “A sensação é fantástica, uma árvore de nove metros de circunferência não se vê todo dia”.
Árvores centenárias surpreendem as equipes (Foto: Acervo da ONF)
Anteriormente à realização do inventário é necessário planejar a atividade e preparar a área em campo. De maio a julho, após definição em mapas da área a ser explorada em 2021, duas equipes de campo demarcaram o perímetro da área da UPA 2 na floresta e realizaram a abertura das picadas que estabelecem faixas, a cada 50 metros, para se caminhar. Essas faixas são percorridas sistematicamente pelas equipes de inventário durante o censo. A definição das espécies de interesse para exploração seguem as normas legais e as demandas do mercado.
Em campo os times catalogaram 18.500 árvores, cobrindo uma área de 1.018,00 hectares. Cada equipe é formada por um identificador, dois auxiliares e um coordenador, também engenheiro florestal. Entre as atividades conduzidas pela equipe, estão a identificação dos indivíduos com potencial, seguindo a listagem das espécies de interesse pré-definidas anteriormente, durante a fase de planejamento. A partir de então, as árvores têm suas informações de circunferência, altura e qualidade do fuste inseridas no coletor, permitindo definir a classificação de cada árvore em corte, porta-sementes ou remanescente. No processo, cada árvore ganha um número de identificação único, que é registrado em plaqueta fixada na árvore e no coletor de dados do aplicativo Xendra para Android, junto com as suas características e coordenadas para sua posição geográfica. Essa identificação acompanha a árvore até sua exploração e transporte das toras até a serraria, garantindo a total transparência e legalidade da atividade.
As árvores são classificadas em “remanescente” ou “corte” de acordo com a sua circunferência. Quando a planta possui mais de 158 cm de circunferência, ela pode, em teoria, ser cortada. Já aquelas com circunferência entre 95 e 157 cm são definidas como remanescente. Parte das árvores de cada espécie ainda são definidas como porta-sementes: 10 a 15% dos indivíduos de cada espécie, com o objetivo de deixar, na área, matrizes produtoras de sementes. A função das porta-sementes é garantir a regeneração das espécies e a variabilidade genética após a exploração. Algumas espécies nunca podem ser cortadas ou exploradas, independentemente de suas circunferências: é o caso da castanheira, do mogno e da seringueira. Essa metodologia de classificação segue o regimento estadual, que define as regras para o inventário e cálculo do estoque de madeira.
Após o censo florestal, o software Xendra, desenvolvido porClovis Valadares Junior, auxiliou no tratamento dos dados coletados em campo e no equacionamento volumétrico das árvores. São, então, selecionadas todas as árvores de corte, sempre respeitando os limites de volume estabelecidos por lei, que garantem a regeneração natural da floresta e a sustentabilidade da atividade a longo prazo. Uma das principais informações apresentadas pelo POA é exatamente esse volume de árvore a ser extraído, obedecendo o limite máximo de exploração de 30 metros cúbicos por hectare. Esse valor teórico foi definido embasando-se em pesquisas científicas sobre a dinâmica da floresta no estado. Além do volume, no POA são apresentadas as informações da área, todas as atividades de planejamento e exploração, tais como a alocação de pátios, estradas e trilhas de arraste das árvores, além de serem apresentados os cálculos de prognose (estimativa da recomposição da volumetria da floresta após o ciclo de corte, definido em 35 anos). Os POAs são produzidos anualmente a partir do momento que é emitida a Licença Florestal, que autoriza a atividade de manejo florestal na área. Os planos são submetidos à análise do órgão ambiental (SEMA-MT) e sua aprovação leva à emissão da Autorização de Exploração (AUTEX). Os procedimentos e as informações exigidas seguem legislações estadual e federal.
Antonio com uma jabuti (Chelonoidis denticulata), tartaruga frequentemente encontrada na floresta durante os inventários (Acervo ONF Brasil)
ONF Brasil inventaria estocagem de carbono nas árvores do PCFPO (Acervo ONF Brasil)
O levantamento é uma atividade anual realizada desde 2003 nos plantios do Projeto Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF (PPCFPO). O inventário de 2020 aconteceu entre outubro e novembro e avaliou as 419 parcelas permanentes do projeto. O objetivo da atividade é medir o carbono estocado pelas árvores plantadas e pela regeneração natural na área do projeto mediante o acompanhamento do crescimento das plantas.
“Com base nos dados do inventário é possível quantificar o carbono que nossas florestas podem estocar de um ano para o outro. Deste modo, é possível argumentar sobre a importância de manter essas florestas em pé e quantificar qual o valor das nossas florestas para o mundo”, explicou um dos integrantes da equipe do inventário, o engenheiro florestal Roniel Lobo da Silva.
Os colaboradores da ONF Brasil foram organizados em equipes com a liderança de engenheiros florestais auxiliados por dois estagiários também de Engenharia Florestal: Marcos Vinicius da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) e Mateus Rosante da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e dois assistentes de campo. O Roniel e o Antonio Gomes do Nascimento Junior (estudante do último ano de Engenharia Florestal na Unemat) foram líderes de campo e assumiram a função de atuar na linha de frente, operando os equipamentos e testando nova ferramenta de coleta de dado me campo durante o inventário.
As equipes medem as árvores e inserem os dados no sistema (Acervo ONF Brasil)
De acordo com a metodologia da atividade, cada equipe vai a campo com as fichas do ano anterior – tendo acesso aos dados históricos – e coleta os novos dados da remedição das árvores. Este ano, a novidade foi o uso de tablets, garantindo a informatização dos dados. A tecnologia facilita o levantamento dos dados, minimiza os erros e torna as informações mais confiáveis. Para isso, foi desenvolvido um programa com o apoio da ONF International que permitia já inserir os dados diretamente no sistema.
Durante o inventário, são coletados dados de CAP (Circunferência à Altura do Peito), qualidade de fuste, tipo de fuste, além de informações mais detalhadas, como a presença de cipós ou ataques de pragas e doenças. Também são registradas as informações espaciais de acordo com o GPS do tablet.
De volta ao escritório, os dados coletados no dia são centralizados e salvos diretamente no banco de dados da Fazenda. A organização sistemática dos dados históricos no banco de dados e sua espacialização permitirá realizar análises muito mais profundas e multivariáveis sobre as dinâmicas de crescimento e estocagem de carbono das diferentes espécies plantadas em diferentes condições. Também garante uma maior qualidade e coerência de dados.
O Antonio destacou as facilidades do tablet. “Como a gente tem tudo georreferenciado e sabemos onde estamos, fica muito mais fácil de se localizar no mapa e nas parcelas da Fazenda”.
Outra novidade do inventário foi a participação do Luís Henrique de Araújo, estudante de 19 anos que cursa Engenharia Florestal na Unemat. Diferente de outros estagiários que já integraram as equipes da ONF Brasil, o Luís carrega consigo um diferencial: é fruto da Fazenda São Nicolau. Ele é filho do gerente de campo Gilberto de Araújo e da cozinheira Alaíde de Araújo, que vivem na propriedade e trabalham na ONF Brasil desde o início do projeto. Ou seja, Luís nasceu e cresceu na São Nicolau.
A decisão de cursar Engenharia Florestal aconteceu quando estagiários de pesquisa da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) estavam na fazenda e o convidaram para ir a campo. “Eu percebi que realmente gostava de algo que estava envolvido com a natureza.”
Em 2020, suas aulas na Unemat foram suspensas por causa da pandemia. Achou melhor se deslocar de Alta Floresta para a Fazenda para ficar com os pais. Nesse período de isolamento, foi convidado para participar do inventário. Conta que foi a primeira vez que teve o contato direto com a coleta dos dados e seu tratamento.
Após o levantamento desses dados, o conteúdo é sistematizado em uma tabela de atributos e os dados podem ser extraídos e utilizados de acordo com o interesse da pesquisa ou projeto – auxiliando em atividades de pesquisa, florestais e agrícolas. É possível, por exemplo, avaliar o crescimento, a distribuição geografia das espécies e avaliar a regeneração. O objetivo principal, no entanto, é computar os dados para estimar o carbono estocado e gerar créditos de carbono, validados pela certificadora VCS (Verified Carbon Standard). Os créditos de carbono assim gerados podem ser comercializados e a receita obtida reinvestida no projeto. Neste ano especificamente, a venda dos créditos de carbono garantiu o equilíbrio econômico do projeto, cobrindo as perdas devidas à paralisação das atividades próprias da Fazenda por conta da pandemia, como ecoturismo e exploração da Teca.
“Foi um inventário bem-feito e organizado. Com este inventário, foi possível a correção de alguns erros dos anos anteriores e, se continuar nesse ritmo, para os próximos anos, teremos cada vez mais dados apurados”, avalia Roniel.